SALVADOR-BAHIA: IDENTIFICADO CORPO (ESQUARTEJADO) DE JOVEM PRESO PELA POLÍCIA




Geovane foi abordado por PMs numa viatura policial no dia 2 de agosto (Foto: Reprodução/ Facebook/Portal A Tarde)
Geovane Mascarenhas de Santana, 22 anos, foi abordado, agredido e detido no último dia 2, tendo ficado desaparecido. Seu corpo, apesar de esquartejado, foi encontrado, conforme identificação confirmada nesta terça, dia 19, pelo IML. Teve arrancados cabeça, braços e testículos e, segundo se deduz, tirada a pele onde havia uma tatuagem. Os três policiais suspeitos (da Polícia Militar, polícia estadual militarizada) estão detidos num quartel da corporação.

Segue matéria do portal do jornal A Tarde, hospedado no UOL, de 19/08/2014, com o título “IML confirma que corpo encontrado é de Geovane”:



O corpo que estava no Instituto Médico Legal (IML) de Salvador é o de Geovane Mascarenhas de Santana. A informação foi confirmada ao Portal A TARDE no final da manhã desta terça-feira, 19, pelo pai do jovem, Jurandy Santana.

Ele recebeu a ligação do médico legista Paulo Peixoto, que confirmou a identificação após juntar todas as partes do corpo - segundo Jurandy, Geovane teve a cabeça, braços e testículos arrancados. Estas partes foram localizadas cerca de três dias após o resto do corpo, no bairro de Pirajá. 

Por meio de sua assessoria de imprensa, o IML confirmou que o resultado do exame de DNA ficou pronto nesta terça e ratifica que o corpo é de Geovane.
Jurandy confirmou que o corpo é de seu filho (Foto: Fernando Amorim/Ag. A Tarde)
"É muito sofrimento. Eles disseram que até sexta o corpo será encaminhado e pode ser enterrado", disse Jurandy que, durante o acompanhamento do caso, não havia reconhecido o corpo do filho, por causa da ausência de uma tatuagem. Entretanto, a pele do local parece ter sido arrancada e também estava queimada, o que dificultou o reconhecimento.

A identificação do corpo foi feita a partir da comparação entre o material genético dos restos mortais e as partes que ainda não haviam sido confirmadas. 

Entretanto, a pedido dos familiares da vítima, a Defensoria Pública solicitou a realização de um exame complementar para comparar o DNA deles com os dos restos mortais.

(Segundo outra matéria do Portal A Tarde, “os PMs Cláudio Bonfim Borges, Jailson Gomes de Oliveira e Jesimiel da Silva Resende, da Rondas Especiais (Rondesp), estão presos no Batalhão de Choque da Polícia Militar, em Lauro de Freitas, suspeitos de envolvimento na morte do auxiliar de serviços gerais Geovane Mascarenhas de Santana, 23, desaparecido no último dia 2”).

Sindicato denuncia tentativas de intimidação contra jornalistas que cobrem o caso

Nota de repúdio

A diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da
Bahia (Sinjorba) manifesta repúdio e preocupação, e solicita
providências ao Governo do Estado da Bahia, Secretaria de Comunicação,
Secretaria da Segurança Pública e Comando da Polícia Militar da Bahia às
tentativas de intimidação praticadas contra jornalistas dos jornais
Correio e A Tarde envolvidos na cobertura do desaparecimento de Geovane
Mascarenhas de Santana, 22 anos, ocorrida no dia 02/08/2014, e que foi
visto pela última vez ao ser filmado quando era agredido e colocado numa
viatura por policiais militares da Companhia de Rondas Especiais Baía de
Todos os Santos (Rondesp/BTS).

Um dos jornalistas recebeu solicitação para que se identificasse durante
entrevista coletiva concedida pelas autoridades policiais, na última
sexta-feira, dia 15/08, e foi surpreendido com a declaração de que "é
muito bom saber quem escreve sobre a gente". Repórteres do Correio
receberam telefonemas na redação do jornal de dois homens que se
identificaram como policiais militares e que parabenizaram pela
reportagem, mas alertaram que "todos deveriam ter muito cuidado porque a
tropa está com sangue no olho". Fonte de um jornalista também alertou
que "a tropa está muito revoltada e era preciso cautela".

A direção do Correio encaminhou ofício ao secretário Maurício Barbosa
informando sobre os fatos havidos na redação.

Os jornalistas envolvidos na cobertura realizaram seu trabalho de forma
ética e responsável, não generalizando uma ação isolada praticada por um
grupo de policiais que agiram contrariando as leis que regulam a
atividade da Polícia Militar. Assim, não existe qualquer justificativa
para qualquer forma de insatisfação por parte de integrantes da PM, a
menos que esses comunguem com atos que vêm sendo investigados e
repudiados pela própria corporação.

O livre exercício do jornalismo é inerente à democracia brasileira e
garantido pela Constituição do Brasil, cabendo às autoridades a garantia
de segurança e o respeito à integridade física e moral dos profissionais
de imprensa.

O Sinjorba está atento a esses fatos e encaminhou alerta à Federação
Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à Federação Internacional de
Jornalistas (IFJ) e à Federação de Jornalistas da América Latina e
Caribe (Fepalc).

Salvador, 18/08/2014.

Marjorie Moura
Presidente do SINJORBA

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