DILMA ENFRENTA A MÍDIA E DEFENDE REGULAÇÃO ECONÔMICA DO SETOR

Agência Brasil
Dilma Rousseff (Foto: Carta Maior)

Dilma Rousseff assumiu a defesa da regulação da mídia durante o primeiro debate com os presidenciáveis, promovido pela TV Band, na noite de terça (26).

Por Najla Passos, no portal Carta Maior, de 27/08/2014

Brasília - A candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) assumiu a defesa da regulação da mídia de forma clara e contundente durante o primeiro debate com os presidenciáveis, promovido pela TV Band, na noite desta terça (26). Um avanço surpreendente para a presidenta que passou os quatro anos do seu mandato se esquivando do assunto espinhoso, apontado pelos movimentos sociais brasileiros e até pelo seu próprio partido como condição essencial para o aprofundamento da democracia brasileira, mas tratado pelos conservadores, incluindo aí a própria mídia monopolista e parte da audiência que ela tenta controlar, como sinônimo de censura estatal. Mais surpreendente ainda porque ela foi a única a enfrentá-lo.

O candidato do PV, Eduardo Jorge, a quem a pergunta provocativa acerca do tema foi dirigida, preferiu abrir mão de preciosos dois minutos de rede nacional a ter que encará-lo. Nem mesmo a candidata do PSOL, Luciana Genro, a única que tem a democratização da mídia defendida pelos movimentos sociais como proposta expressa no seu programa de governo, atacou a questão. Não foi questionada diretamente sobre ele, é fato. Mas também não procurou brechas para colocá-lo na centralidade do debate, como o fez com outros temas polêmicos, como a taxação das grandes fortunas e a liberalização da maconha, por exemplo.

A provocação partiu do jornalista e apresentador do Jornal da Noite da Band, Boris Casoy, que, incorporando o pensamento mais reacionário nacional, afirmou que insistiria no tema que classificou como “controle social da mídia” por considerá-lo “um assunto importante e grave, que envolve a liberdade no país”. E de forma falaciosa, exibiu o programa político-partidário dos donos da imprensa no Brasil em um comentário travestido de pergunta jornalística.

“O partido da presidente, o PT, insiste em um plano de censura à imprensa que, eufemisticamente, chama de democratização da mídia. A bem da verdade, a presidente Dilma, a candidata Dilma, não o adotou, criou uma barreira, não tem colocado em prática, apesar da insistência do partido, essa ideia. Eu queria perguntar se eleito, o candidato Eduardo Jorge vai levar esse plano adiante?”, questionou ele ao candidato do PV, abrindo para a presidenta a possibilidade de comentar a resposta.

Irônico, Eduardo Jorge foi lacônico. “Sou obrigado a concordar com a presidente Dilma. Não levarei. Ficarei com a posição dela”, afirmou, cansando espanto na plateia. Dilma, porém, não se rendeu à evidência de que sair em defesa da regulação seria comprar uma briga não só com a Band, mas com o conjunto da mídia comercial brasileira.

“Eu acredito que a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão, a liberdade integral dos meios de comunicação é algo, é um valor básico da democracia. Eu acredito também que, como qualquer setor, o setor de telefonia, os aeroportos, os portos, todos os setores, eles têm que ter regulação econômica, ou seja, não pode haver o monopólio e não pode haver o uso  indevido daquele meio, tanto seja o aeroporto, o porto, a linha de transmissão. Então, eu sou a favor da regulação econômica. Agora, dentro da maior liberdade de expressão. Isso vale não só para o setor da mídia, mas vale também para a internet e para todos os setores ligados à manifestação do pensamento”, concluiu de forma calma e didática.


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