Membros da Comissão Histórica do Conflito e suas Vítimas prepararão um informe que contribua para o diálogo (Foto: Página/12) |
As FARC e o governo de Santos
instalam uma Comissão Histórica do Conflito: um grupo de militares do mais alto
nível desembarcou na ilha para participar da comissão do cessar-fogo. É
histórico que o general Javier Flórez, que dirige as operações contra a guerrilha,
se sente à mesa para dialogar.
Por Katalina Vásquez Guzmán, de Havana, no
jornal argentino Página/12, edição
de hoje, dia 22
Com a
instalação da Comissão Histórica do Conflito e suas Vítimas, avançam as negociações
de paz entre o governo e a guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia) em Havana, Cuba, na discussão do quarto dos cinco pontos. Esta
semana, ademais, se põem em marcha a comissão do cessar-fogo ou do fim do
conflito, assim como a comissão de gênero. Ontem (quinta, dia 21) se deu início
à que, segundo seus integrantes, “não é uma comissão da verdade”, mas é um dos
primeiros passos para uma comissão deste tipo na Colômbia.
Ao mesmo
tempo chegaram à ilha um grupo de militares “do mais alto nível”, segundo
declarou o presidente Juan Manuel Santos, encabeçado pelo chefe do estado maior
conjunto das forças militares da Colômbia, general Javier Flórez. Flórez é
justamente quem dirige as operações contra a guerrilha, o que é histórico que ele
próprio que combate com as armas se sente agora para dialogar frente à frente
com seus perseguidos: a guerrilha mais antiga do continente que conseguiu, por enquanto,
um logro neste ponto do processo com a aceitação por parte do governo de
instalar a Comissão Histórica do Conflito
e das Vítimas.
O
propósito da comissão é investigar as causas e o contexto que “facilitaram ou
contribuíram para a persistência do conflito” que já dura mais de 50 anos, assim
como analisar “os efeitos e impactos mais notórios do conflito sobre a população”,
quer dizer, tratar sobre as vítimas, tema central do quarto ponto que se
negocia até hoje em Havana. A comissão está acompanhada por dois relatores:
Eduardo Pizarro León Gómez, diretor da desaparecida Comissão Nacional de Reparação
e Reconciliação, criada a partir da negociação de paz com os paramilitares em
2005, e Víctor Manuel Moncayo, ex-assessor do Centro Nacional da Memória
Histórica, agência do governo colombiano.
Os 12 integrantes
da comissão são professores universitários, investigadores independentes e colunistas
que durante décadas se dedicaram a investigar o por quê e as consequências da
prolongada guerra na Colômbia. Provêm de diversas áreas do conhecimento como a
ciência política, a história, a sociologia e a antropologia, dentre outras, e são:
Renán Vega, Francisco Gutiérrez, Darío Fajardo, Sergio De Zubira, María Emma
Wills, Vicente Torrijos, Jairo Estrada, Alfredo Molano, Jorge Giraldo, Gustavo
Duncan e o sociólogo francês Daniel Pecaut, amplamente criticado pela guerrilha
no último mês.
Continua
em espanhol:
María Emma Wills, la única mujer que integra la comisión, aclaró a los
medios (meios de comunicação) que “esto no es una comisión de la verdad, somos
una comisión histórica, esto es más proponer unos hilos (fios) interpretativos
sobre el conflicto armado desde miradas muy plurales”. Los comisionados
(membros da comissão) defendieron el carácter intelectual y académico de las
investigaciones que producirán en cuatro meses, primero de manera individual, y
luego (e depois) como colectivo.
La comisión que se instaló ayer (ontem) al mediodía en La Habana, “no
obedece ni a las expectativas del gobierno ni a los enfoques de las FARC. Es
absolutamente independiente”, según el profesor Jairo Hernando Estrada, quien
agregó que “hay que entender el trabajo de la comisión en el contexto de una
negociación del gobierno nacional y la guerrilla de las FARC, con el propósito
de avanzar hacia (rumo) la solución política del conflicto y caminar la senda
de la reconciliación”.
Profundidad y concisión son dos elementos esperados en todos los
informes que se deberán dar a conocer antes del fin de 2014. Por lo tanto, se
ha inferido que las negociaciones de paz, de las que sólo queda (resta) un
punto por negociar, no culminarán en este año, como lo dijo alias (codinome) Timochenko,
comandante de las FARC hace una semana.
Entre tanto, desde Colombia se criticó duramente la primera visita de
militares a La Habana encabezada por el general Flórez. Este militar con más de
37 años de carrera participó de los operativos que acabaron con alias (codinome)
Alfonso Cano, Raúl Reyes y el Mono Jojoy. Para la derecha es una humillación
que los militares encaren la palabra con sus enemigos. El presidente Santos
respondió recordando que la responsabilidad de conseguir la paz es suya y no de
las diversas delegaciones que viajan a Cuba. “El proceso requiere tolerancia,
requiere ecuanimidad, requiere capacidad de perdonar, capacidad de
reconciliación; todos debemos hacer un esfuerzo en esa dirección”, aseguró
Santos, pidiendo respeto por las fuerzas militares, que hoy se instalará en la
Comisión de cese del fuego o Fin del conflicto (Comissão de cessar-fogo ou de
Fim do conflito).
Tradução
(parcial): Jadson Oliveira
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