DITADURAS NO CONE SUL: 50 ANOS DEPOIS

Representantes de todos os países do Cone Sul vão se encontrar num Seminário para falar sobre o passado, revelar fatos ainda não divulgados e fortalecer a luta para a democratização destes países, que ainda guardam resquícios dos tempos das ditaduras. O evento vai trazer informações relevantes para a sociedade brasileira, principalmente para os jovens com menos de 40 anos.

Reproduzido de Rede Democrática, de 28/04/2014

Golpes

Em 1º de abril de 1964, há cinquenta anos, os militares, com apoio de parte da sociedade civil, deram um golpe e estabeleceram uma ditadura alinhada politicamente aos interesses dos Estados Unidos. 
O golpe acarretou profundas modificações na organização política do país, bem como na vida econômica e social. Todos os cinco militares ditadores que se sucederam desde então declararam-se herdeiros e continuadores do que eles chamavam de  “Revolução de 1964”.

Até 1985 o Brasil conviveu com a ditadura civil militar, quando Tancredo Neves foi eleito indiretamente como o primeiro presidente civil desde 1964. O golpe civil-militar brasileiro foi precursor de outros golpes no Cone Sul, como por exemplo, Peru (1968, 1992), Bolívia (1964, 1971 e 1980), Argentina (1966 e 1976), Chile (1973) e Uruguai (1973)

Evento voltado para os jovens

Para resgatar parte da história dos países do Cone Sul durante os regimes militares e mostrar, principalmente aos jovens de hoje, o que foi a história recente desta parte da América Latina, representantes de todos os países do Cone Sul vão se encontrar num Seminário para falar sobre o passado, revelar fatos ainda não divulgados e fortalecer a luta para a democratização destes países, que ainda guardam resquícios dos tempos das ditaduras.

O projeto de encontro de pessoas e personalidades que sofreram perseguições nestes países é inédito no Brasil e sua realização no ABC paulista é muito significativa, pois, foi nesta região que ocorreu a maior resistência aos militares. O evento vai trazer informações relevantes para a sociedade brasileira, principalmente para os jovens com menos de 40 anos.
 
Os jovens precisam entender que a liberdade que eles têm hoje é resultado de muita luta dos jovens das décadas de 60 e 70.
Os jovens de hoje não tem noção do que ocorreu no Brasil e na América Latina nos últimos anos. Tivemos regimes militares truculentos em todo Cone Sul e fomos cerceados de liberdade. As prisões ficaram abarrotadas, ocorreram torturas e assassinatos, não havia liberdade e tampouco democracia. Muitos foram exilados e banidos.

Os militares diziam que seus países estavam em guerra e buscavam produzir imagens para estreitar a união do povo e estimular o repúdio aqueles que manifestavam oposição. Por exemplo, a máquina de propaganda dos militares brasileiros era “Ame-o ou Deixe-o”, “Eu te amo meu Brasil” (Dom e Ravel), “Quem não vive para servir ao Brasil, não serve para viver no Brasil” e assim por diante.

Ditadura militar nunca mais

A iniciativa de realização do Seminário Internacional do Cone Sul partiu de alguns dirigentes sindicais da região do Grande ABC, do Centro de Memória do Grande ABC e, principalmente, do Prefeito de Santo André, Carlos Grana.

O evento foi pensando nesse momento histórico que se vive no Brasil: os 50 anos do Golpe Militar Brasileiro. Os militares do Cone Sul também estiveram envolvidos em outros golpes e juntos organizaram operações conjuntas de prisões, torturas e assassinatos, como foi a Operação Condor. Ainda hoje, em muitos países, continuam em funcionamento as leis e normas implantadas pelos militares, como por exemplo, a Constituição do Chile e seu sistema de educação privatista. No Brasil, ainda continua em vigor os Decretos-Leis, como uma forma de governar, foi herdado dos militares. Isso sem falar da Lei de Anistia.

Memória

O evento internacional abordará a memória, democracia e relatos de fatos marcantes da época. Como foi a Operação Condor, o papel fascista das Forças Armadas, a repressão aos operários, camponeses, intelectuais, artistas e escritores e a participação da sociedade civil no golpe militar. Relatos de pessoas que sobreviveram e lutaram contra a ditadura, como por exemplo, Pascal Allende (Chile), jogador da seleção chilena, Carlos Caszely, Hugo Blanco, defensor dos povos indígenas do Peru, Oscar Olivera, da Bolivia, ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, Senador Sixto Pereira, defensor dos camponeses paraguaios, Loyola Guzman, guerrilheira que lutou ao lado de Che Guevara, Hildegard Angel, filha de Zuzu Angel, entre outros.

Finalidades do evento

Resgatar os fatos históricos ainda desconhecidos do grande público sobre o que ocorreu nos regimes ditatoriais de Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai.
  • Criar o “Observatório da Democratização” do Cone Sul
  • Publicar um pequeno livro sobre o seminário internacional, cerca de 200 páginas, para ser enviado aos participantes do seminário internacional e distribuído nas escolas da região.

DITADURA NO CONE SUL – 50 ANOS DEPOIS
Data do evento: 09, 10 e 11 de maio de 2014
Local: Teatro Municipal de Santo André/SP, Praça IV Centenário
Realização: Prefeitura Municipal de Santo André, Prefeitura Municipal de São Bernardo e Centro de Memória do Grande ABC

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