CUBA: RENOVANDO A REVOLUÇÃO (2)

Todos em Cuba, população e governo, partido e sindicatos, estão plenamente conscientes da necessidade urgente de eliminar a existência das duas moedas. 

Por Eric Nepomuceno, no portal Carta Maior, de 07/03/2014

Um dos pesadelos infernais do cotidiano dos cubanos é ganhar numa moeda e enfrentar os preços em outra. A distorção causada pela convivência entre o peso cubano (o CUP) e o peso conversível (o CUC) afeta todos os trabalhadores que recebem seus salários em moeda nacional. É que os preços de praticamente todos os bens de consumo são calculados em CUC. Como um CUC equivale a 25 pesos, o salário de um médico, por exemplo, mal alcança para comprar um par de tênis para seu filho. Usar a internet por uma hora pode significar um terço do salário médio de um engenheiro. E por aí vai.

Todos em Cuba – população e governo, partido e sindicatos – estão plenamente conscientes da necessidade urgente que eliminar a existência das duas moedas, e desta forma acabar com uma divisão radical na sociedade. Os que têm acesso ao CUC, a moeda conversível, dispõem de um poder aquisitivo muitas vezes maior dos que ganham seu salário na moeda nacional.

Remessas de parentes que vivem no exterior criaram uma nova casta numa sociedade que vive uma Revolução que deveria criar a igualdade. Quem trabalha no setor de turismo, por exemplo, seja porteiro ou garçom, motorista ou telefonista, ganha dez vezes mais que um físico nuclear ou um médico. O salário dos funcionários públicos – e eles conformam 75% da força de trabalho da Ilha – é o mais pressionado. Mesmo tendo uma bonificação em CUC, mal dá para chegar ao meio do mês. Ao fim, nem pensar. É preciso buscar ‘complementações paralelas’.

O salário médio em Cuba é de 466 pesos cubanos, o que equivale a uns 19 CUC. Ou seja: se algum familiar que mora no exterior mandar 200 dólares por mês para seus parentes na Ilha, estará multiplicando por dez o salário médio dos trabalhadores.


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