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Algo está muito errado quando a imagem da polícia está associada não à defesa da vida do cidadão, mas às armas, à morte, aos símbolos de caveiras e punhais
Por Antonio Lassance, no portal Carta Maior, de 01/02/2014
A palavra "polícia" tem uma origem comum com a palavra “política”. Ambas vêm do grego politeia, que quer dizer comunidade.
Quando a pólis se reunia para decidir, fazia a lei. Policiar era fazer cumprir as decisões da comunidade. A missão policial é, desde então, vigiar e punir, de forma legitimada, para o bem da pólis.
Algo está errado quando uma instituição que deveria proteger e servir a sociedade causa medo e é objeto de uma profunda desconfiança.
Algo está muito errado quando a imagem da polícia está associada não à defesa da vida do cidadão, mas às armas, à morte, aos símbolos de caveiras e punhais, ao “caveirão”.
Algo está extremamente errado quando se constata que pelo menos 5 pessoas morrem vítimas da polícia, todos os dias.
São Paulo e Rio de Janeiro, que ao longo de sua história tornaram-se verdadeiros estados policiais - sem com isso se tornarem locais seguros -, contribuem de forma decisiva para tal estatística.
As polícias Civil e Militar mataram, juntas, 242 pessoas em São Paulo e 283 pessoas no Rio de Janeiro (dados da última edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública).
No ano em que a triste lembrança da ditadura instaurada em 1964 completará 50 anos, em 1.º de abril, a concepção que orienta não apenas as polícias, mas muitas das autoridades que comandam nossa politeia desvairada ainda é a daquele regime em que a exceção era a regra.
Está aí o manual "Garantia da Lei e da Ordem", aprovado por portaria do Ministério da Defesa, de dezembro de 2013, que não nos deixa mentir.
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