Por Correio do Brasil, com agências internacionais - do Rio de Janeiro e Helsinque, de 24/01/2014
A fabricante finlandesa de papel e celulose Stora Enso, uma das maiores do mundo, disse nesta sexta-feira que planeja parar uma máquina de papel na unidade de Veitsiluoto, na Finlândia, devido à fraca demanda por revistas. A máquina, especializada em fazer papel revestido para revistas, tinha capacidade anual de 190 mil toneladas. A medida reduzirá a capacidade de produção da Stora Enso em papel revestido em 15%, disse a empresa. A companhia e outras fabricantes de papel têm sido prejudicadas por uma fraqueza prolongada tanto na demanda quanto nos preços na Europa, onde muitos consumidores mudam da mídia imprensa para a online.
O fim das edições impressas, tanto de jornais quanto das revistas, acelera-se à medida que aumenta a acessibilidade dos leitores aos meios digitais, como tablets, laptops, smartphones e demais equipamentos eletrônicos com acesso à internet. Estudo da Future Exploration Network, centro de consultoria norte-americana, divulgado em 2013, projeta para 2027 o fim do jornal impresso no Brasil. Conforme o relatório que avaliou o cenário em 20 nações, a crise que levará ao fim do jornal vai começar pelos Estados Unidos, ainda em 2017. Neste país, ícones do jornalismo impresso como a revista Newsweek e o diário econômico The Wall Street Journal já migraram para o meio digital
No Brasil, o jornal impresso chegaria ao fim devido ao desenvolvimento econômico, urbano e a desigualdade social. Fatores determinantes para o fato seriam a absorção da tecnologia, o desenvolvimento da banda larga, a penetração de smartphones e tablets, a receita de publicidade do jornal, o suporte para a mídia, censura e comportamento do consumidor. Em 2010, o centenário Jornal do Brasil suspendeu sua edição impressa e migrou para a internet. O diário conservador carioca O Globo prevê para os próximos cinco anos a migração completa para a web. O Estado de São Paulo, um dos jornais mais antigos do país, também passa por grave crise e tende a suspender sua edição impressa. Em 2012, o Correio do Brasil também parou com sua edição impressa e segue com a edição diária, para assinantes, agora em meio digital.
– Em uma consulta aos nossos assinantes, constatamos que a quase totalidade já dispunha de acesso à internet e aceitava receber as notícias veiculadas no meio impresso no sistema Flip, que leva para os equipamentos eletrônicos a facilidade da leitura nas edições impressas. Por ser vespertino e chegar aos assinantes sempre no final da tarde, a redução de custos de logística e impressão reduziu o preço da assinatura para nossos leitores – afirma a gerente comercial do CdB, Suzana David.
Já no cenário mundial, o aumento de custo na fabricação de e-readers, tablets e smartphones, além do desenvolvimento do papel digital e da modernização de mecanismos digitais seriam as principais causas do fim dos periódicos impressos. A pesquisa revelou também que o jornal terá um tempo de vida maior na Argentina, onde o último impresso deve circular em 2039.
No Equador, porém, a tendência é que os jornais impressos tenham uma vida ainda mais curta do que no Brasil. O presidente do país, Rafael Correa, encaminha uma consulta popular no país sobre a eliminação dos jornais diários impressos para evitar a derrubada de árvores. Em sua conta no Twitter, Correa reprovou as críticas que recebeu da imprensa após o anúncio de que pretende explorar uma jazida petrolífera do Parque Yasuní, na Amazônia equatoriana.
“Agora os maiores ecologistas são os diários mercantilistas”, escreveu no Twitter.
No outro lado do mundo, o grupo de mídia Fairfax, um dos maiores da Austrália, conclui nos próximos dias a maior e mais surpreendente restruturação de seus negócios, com a redução drástica de suas edições impressas e o estabelecimento de assinaturas para os leitores das edições online do Sydney Morning Herald e o The Age, dois dos maiores jornais do país.
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