MANDELA: O SUBVERSIVO



(Foto: AFP/Página/12)
Os poderes e as forças que representam os principais líderes do mundo que na quinta-feira (dia 5) anunciaram suas condolências pela morte de Mandela e o elevaram ao nível de exemplo para a humanidade, durante sua luta o consideraram subversivo e terrorista. Não era de forma alguma politicamente correto. Muitas dessas forças e poderes foram cúmplices de sua prisão e tortura.

Mandela é o duro lutador e ao mesmo tempo é o grande pacifista que percebeu a prioridade da integração num país dominado selvagemente por uma minoria branca. Uma coisa não se pode separar da outra.

Por Luis Bruschtein, no jornal argentino Página/12, de 07/12/2013

O velhinho que sorri na foto foi um duro guerrilheiro que suportou torturas e 27 anos de cárcere. Esse homem negro aprazível e encanecido foi dos duros que rechaçou a liberdade quando lhe puseram como condição que se declarasse contra a luta armada do Congresso Nacional Africano (seu partido político). Nelson Mandela cresceu como líder das lutas do seu povo na África do Sul substituindo os dirigentes mais conciliadores com o regime brutal do apartheid.

Eram os anos 50 e 60 e nos Estados Unidos a segregação racial estava instalada por lei. No entanto, era considerado o símbolo da democracia no mundo. Se os Estados Unidos eram mostrados como o país mais democrático do mundo apesar da segregação na educação, no trabalho, no transporte e até nos sanitários, por que não haveria de sê-lo também a África do Sul com seu apartheid? Para os cânones desses anos, os Estados Unidos e a África do Sul eram países democráticos, assim como os raquíticos governos latino-americanos dominados por suas forças armadas.

Se repetem os discursos de Mandela sobre o sonho duma grande nação sul-africana onde todos os homens fossem iguais sem importar a cor de sua pele. Mas quando Mandela dizia essa frase naqueles anos, não estava pensando na democracia real dessa época, na suposta democracia norte-americana ou na sul-africana. Estava pensando em outras formas políticas que se relacionavam com processos similares ao argelino ou ao cubano ou outros processos emancipadores da época, como “democracias populares”, “repúblicas democráticas” ou socialismo africano.

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