INDÍGENAS BRASILEIROS DESABAFAM: "DEMARCAÇÃO AGORA É GUERRA"


(Foto: Carta Maior)

Após decisão favorável do TRF, a comunidade exigiu que o governo federal finalize o processo de demarcação da terra, declarado em 2005.

"Se os fazendeiros querem comprar terra, vão comprar em outro lugar. Se querem cobrar pela terra, paguem antes pela floresta que estava aqui e que foi acabada.

Nós temos nossa reza e os nossos guerreiros. Estamos esperando os guerreiros dos brancos. Estamos prontos para morrer. Demarcação agora é guerra".

Reproduzido a partir de matéria do portal Carta Maior, de 19/12/2013, assinada por Ruy Sposati, para o Conselho Indigenista Missionário

Carta aberta à Presidência da República e Ministério da Justiça:

"Recebemos a notícia da suspensão da reintegração de posse de uma das 14 fazendas em Yvy Katu. Não ficamos nem felizes nem tristes com isso. Isso não muda nada para nós Guarani.

Para nós essas 14 fazendas não existem. Toda essa terra faz parte de um mesmo tekoha, um mesmo território, chamado tekoha Yvy Katu.


Nós não ficamos aliviados com essa decisão da Justiça, porque ela não muda nada. Nós continuamos mobilizados, resistindo contra ações dos latifundiários, e exigindo a demarcação de nosso território.


Nós estamos há mais de 78 dias e 78 noites acampados em nossa própria terra e vamos ficar por mais dois mil anos e depois para sempre. Nós não vamos sair.


Terra indígena nunca foi de fazendeiro. Terra indígena sempre foi terra indígena.


Se os fazendeiros querem comprar terra, vão comprar em outro lugar. Se querem cobrar pela terra, paguem antes pela floresta que estava aqui e que foi acabada.


Nós temos nossa reza e os nossos guerreiros. Estamos esperando os guerreiros dos brancos. Estamos prontos para morrer. Demarcação agora é guerra.


Nossa reza é quente como se fosse o sol. Nossa reza vem da natureza, do antepassado e do sonho. Nos sonhos, já vimos a terra lutar contra o branco, a árvore lutar contra branco.
 

Nós, comunidade Yvy Katu e Conselho Aty Guasu, exigimos que a Justiça suspenda todas as reintegrações de posse e o governo federal finalize a demarcação de toda a nossa terra tradicional. Enquanto isso, vamos continuar lutando, e banhando a terra de sangue, se for necessário.

Não existe acordo. Não adianta pressionar. Não vamos ficar apenas com 10% de Yvy Katu. Agora é 100%. Parece que ninguém está acreditando em nossa luta. Será que estamos falando à toa? Já carregamos muito indígena Guarani e Kaiowá ensanguentado no braço. Vocês estão esperando mais uma morte para se importarem com Yvy Katu?"


Tekoha Yvy Katu, 18 de dezembro de 2013 - Lideranças do tekoha Yvy Katu e Conselho do Aty Guasu

(Foto: Carta Maior)

Link para ler:

Vitória dos Direitos Humanos: indígenas do MS ganham na Justiça

Comentários