VENEZUELA: NÃO EXISTIRÁ SOCIALISMO SEM COMUNICAÇÃO POPULAR


Sétimo Acampamento Multimidiático da Associação Nacional dos Meios Comunitários, Livres e Alternativos (Fotos: Anmcla/Aporrea)

“O comunicador popular do século XXI Hugo Chávez Frías”

Meios de comunicação comunitários, livres e alternativos fazem seu sétimo encontro nacional (brasileiros do MST estavam entre os participantes):

“Democratizar a palavra e as imagens e a possibilidade de aceder à administração do espectro radioelétrico de forma coletiva, é uma luta que ainda hoje tem vigência. Centenas de rádios e algumas emissoras de TV são prova concreta deste avanço da comunicação popular. Não existirá socialismo nem Estado Comunal sem uma comunicação popular forte, dinâmica e inclusiva, que seja reflexo dos processos de luta do nosso povo”.

Por Anmcla – Bairro TV – reproduzido do portal Aporrea.org, de 23/09/2013

De Caracas - Quase 400 homens e mulheres da pátria de Bolívar, 387 para sermos exatos, nos encontramos no Centro de Formação Simón Rodríguez, sede da Utal (ex-Universidade dos Trabalhadores da América Latina), de 16 até 22 de setembro, para a realização do VII Acampamento Nacional Multimidiático da ANMCLA (Associação Nacional dos Meios [de Comunicação] Comunitários, Livres e Alternativos). Ver: http://www.medioscomunitarios.org/pag/index.php?id=33&idn=13964

Este VII Acampamento Nacional contou com a presença de organizações nacionais do poder popular que, em sua busca por consolidar suas conquistas, reconhecem o importante papel que joga a comunicação em cada um de seus espaços e que estão conscientes do impacto determinante da comunicação na busca pela construção do socialismo e do Estado Comunal. Dedicamos este Acampamento ao legado do Comandante (Hugo Chávez), sob as consignas "Por todas as nossas lutas, por todos os caminhos, com todos os nossos meios" e “O Comunicador Popular do século XXI Hugo Chávez Frías”.

Recebemos companheiros da ANMCLA de todo o país e, junto a membros da Corrente Revolucionária Bolívar e Zamora, Movimento de Moradores e Moradoras, Agsdre (Aliança sexo gênero diversidade – movimento de gays e lésbicas), Movimentos de mulheres, Comunas em construção, movimento estudantil, Coletivo Cimarrón, Miranda é outro Beta (movimento de jovens), Bairro TV e demais membros do movimento popular, logramos realizar este VII Acampamento de maneira exitosa, como o evidenciam tanto os resultados finais das oficinas como o sentimento dos companheiros participantes.
Oficina de produção audiovisual
Registramos que todos os equipamentos e materiais do evento foram trazidos de seus estados de origem, e colocados ao serviço comum deste acampamento, pelos companheiros dos coletivos. Um grande sortimento de câmeras, microfones, editoras, “consolas” de rádio, implementos serigráficos, rádio transmissores, luzes, cabos e mais, fez possível que se pudesse conseguir esta grande jornada de formação da comunicação popular. Para o componente humano e teórico da formação também fizemos uma “cayapa” (um mutirão). Com os saberes de cada coletivo construímos a metodologia e todos os facilitadores são membros dos coletivos presentes.

Nosso suporte é o povo organizado no marco da democracia participativa

Os companheiros de BAIRRO TV e LARA TVEC (Lara é um estado venezuelano) foram os facilitadores das dinâmicas de produção radial (radiofônica) e televisiva. Durante a jornada, além das oficinas essenciais de manejo de câmera e “post-producción” convencionais, se incluíram as oficinas de gráfica, ficção, set ao vivo e transmissão, já que felizmente nossa organização se desenvolveu também neste âmbito. A mostra disso são a televisão regional Lara TVEC, o projeto “multiparoquial” (multibairro) BAIRRO TV, com 10 escolas de comunicação popular em Caracas e seis transmissores escola no ar que formam um só canal e as experiências exitosas de A voz de manaure TV, em Táchira, Bolívar TV, em Yaracuy (dois estados venezuelanos), assim como uma grande quantidade de escolas e núcleos de produção audiovisual no resto do país.

Longos passos em pouco tempo nos tocaram neste processo bolivariano, o que tem como suporte o povo organizado no marco da democracia participativa e protagônica (protagonista), que garantiu inclusão e conquista de direitos fundamentais: a comunicação popular é um deles.

No campo da comunicação radial (radiofônica) se avançou na concretização de temas fundamentais que nos cruzam, a saber a concretização de noticiários regionais e nacionais, a criação de radionovelas, o desenvolvimento na qualidade da composição de micros e programas especiais, a difusão em rede dos conteúdos, a passagem e adequação definitiva de todos os nossos equipamentos de retransmissão ao software livre e outros mais que serão detalhados em artigos posteriores.

Especial menção tem este ano o avanço nas áreas de Serigrafia e “estencilismo”, já que os companheiros conseguiram impactantes e comovedores produtos nesta área. Um dos avanços é a produção de “cuatricromías” em serigrafia, técnica que foi desenvolvida graças ao internacionalismo revolucionário, já que companheiros do movimento revolucionário chileno se incorporaram como facilitadores nesta área.

O desenvolvimento do software livre, como uma conquista na busca da independência na área informática, também se deu exitosamente durante a jornada. Compreensão e manejo do entorno, jornada de instalação de equipamentos, manejo de software de edição, gráfica e transmissão foram alguns dos temas desenvolvidos durante esta nova oficina, que ademais combinou tempo e espaço para intercambiar também sobre o tema das redes sociais e seu uso eficiente no campo da comunicação popular.

Comunicação comunal (comunitária) na transição ao socialismo

As dinâmicas deste acampamento incluíram palestras durante o dia, para seu respectivo debate durante a noite. Entre os temas estão Chávez, o Maior comunicador deste século, A trajetória da ANMCLA, El Golpe de Timón (O Golpe de Timão, uma espécie de ênfase nas mudanças, conforme pregação de Chávez), Conjuntura atual da Venezuela, A comunicação com igualdade de Gênero e diversidade de sexo (referência a gays e lésbicas) e a Comunicação comunal (comunitária) na transição ao socialismo.
Gonzalo Gómez, do portal da web Aporrea.org, durante sua palestra
Ainda que todos os equipamentos, materiais e o transporte do evento tenham sido garantidos pelos próprios coletivos participantes, este acampamento não teria sido possível, devido aos custos de alojamento, refeições e lanches, etc, sem a participação do Ministério do Poder Popular para as Comunas e a firme decisão do camarada Reinaldo Iturriza (ministro das Comunas) de apoiar os movimentos sociais na construção do Estado Comunal. Agradecemos seu incondicional apoio, assim como da gerência do Safonac (Serviço Autônomo Fundo Nacional dos Conselhos Comunais) e muito especialmente aos administradores do Centro de Formação Simón Rodríguez, sede UTAL, a seus cozinheiros e cozinheiras, sua equipe de vigilância e os companheiros da logística do espaço.

Agradecemos também a presença do companheiro José Suarez, da Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações), e do camarada Gonzalo Gómez, da equipe de redação de Aporrea (portal da web ligado aos movimentos populares), que nos facilitou um foro de oficina sobre a comunicação, o plano da pátria (programa de governo lançado por Chávez na campanha eleitoral para o pleito presidencial de 7/outubro) e a transição ao socialismo. Finalmente uma saudação revolucionária ao internacionalismo manifestado diante da presença de companheiros do MST (Brasil), Marcha Patriótica (Colômbia), movimento revolucionário (Chile), Frente Darío Santillan (Argentina), e companheiros da Itália, Turquia e Estados Unidos.

A Associação Nacional dos Meios Comunitários, Livres e Alternativos (ANMCLA), em seus mais de 10 anos de luta, vem construindo de forma coletiva este sonho da multiplicação das imagens e das vozes do povo, mais além do clichê das palavras, a ação inclusiva dum movimento vivo e em crescimento. A ANMCLA não é um clube de comunicadores, é um coletivo de lutadores e lutadoras sociais que usam as ferramentas da comunicação como suas armas de luta.

Democratizar a palavra e as imagens e a possibilidade de aceder à administração do espectro radioelétrico de forma coletiva, é uma luta que ainda hoje tem vigência. Centenas de rádios e algumas emissoras de TV são prova concreta deste avanço da comunicação popular. Não existirá socialismo nem Estado Comunal sem uma comunicação popular forte, dinâmica e inclusiva, que seja reflexo dos processos de luta do nosso povo. Este sétimo acampamento é mais um passo nessa direção.

Tradução: Jadson Oliveira (deixei alguns termos entre aspas, pois não consegui traduzir por serem relativos a aspectos técnicos)



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