PARAGUAI DE VOLTA AO PASSADO




Horacio Cartes, magnata do tabaco, a nova cara do direitista Partido Colorado, assume nesta quinta-feira, dia 15, a presidência do Paraguai (Foto: Nodal)
Depois de muitos dias de rumores e especulação midiática, o novo presidente do Paraguai apresentou ontem (terça, dia 13) os membros de sua equipe e, dentre 11, a metade  é de formados em universidades dos Estados Unidos e alguns, alheios ao idioma guarani e ao popular yopará, até exibem a anglofonia em seu discurso.

Por José Antonio Vera, no portal Nodal – Notícias da América Latina e Caribe, de 14/08/2013, com o título “Paraguai: coming back”

A composição da equipe que acompanhará Horacio Cartes na sua assunção à presidência do Paraguai nesta quinta-feira, dia 15, não deixa dúvidas sobre a influência que tiveram conselheiros e assessorias dos Estados Unidos na sua vitória eleitoral de 21 de abril e na formação do novo gabinete, com uma maioria de técnicos formados no país do norte e ideologicamente conservadores, ainda que pouco visíveis no Partido Colorado com suas digitais estronistas (de Stroessner), mas ao qual quase todos pertencem.



Depois de muitos dias de rumores e especulação midiática, o novo presidente do Paraguai apresentou ontem (terça, dia 13) os membros de sua equipe e, dentre 11, a metade é de formados em universidades dos Estados Unidos e alguns, alheios ao idioma guarani e ao popular yopará, até exibem a anglofonia em seu discurso.





Apesar da curta biografia difundida oficialmente dos novos ministros, os graduados em universidades da Califórnia, Kansas, Nova York, Inglaterra e outros centros estarão na Chancelaria, Indústria e Comércio, Obras Públicas e Comunicações, Agricultura e Pecuária, Defesa e na carteira da mulher, aos quais se somará o embaixador em Washington James Spalding, anunciado como o futuro diretor paraguaio da usina binacional de Itaipu.


No plano doutrinário o mais carimbado é o futuro chanceler, Eladio Loizaga, um conhecido militante do setor mais radicalizado do regime do general Alfredo Stroessner durante os anos da genocida Operação Condor, a aliança cívico-militar de cooperação entre assassinos e ladrões que, entre 1964 e 1984, fez desaparecer na América do Sul milhares de militantes políticos, dissidentes ou simplesmente parentes, amigos ou seres humanos sem adesão partidária, todos inimigos na visão dessas tiranias.


Nos anos mais duros da repressão, Eladio Loizaga Caballero foi um ativo promotor da Liga Mundial Anticomunista (LAM), afirmou em seu momento a Comissão da Verdade e Justiça, formada em 1989 pela Igreja e personalidades democráticas, meses depois do fingido golpe de Estado de fevereiro contra Stroessner, encabeçado por seu consogro (pelo que me lembro, ele era pai do marido da filha de Stroessner) e colega, general Andrés Rodríguez, ato conhecido como uma simples substituição numa operação de aparência (“gatopardista”) planejada por Washington.


Loizaga foi incluído em 2005 pelo jornalista Nemesio Barrero numa acusação genérica apresentada inutilmente ante o Ministério Público contra o Partido Colorado por Violação dos Direitos Humanos e crimes de Lesa Humanidade, gestão também efetuada posteriormente ante a Corte Penal Internacional.


No bojo da necessidade objetiva de Cartes  normalizar a presença do Paraguai no seio do MERCOSUL, após uma suspensão de 14 meses por violação da democracia, com grande prejuízo para seu comércio, chama muito a atenção a designação de Loizaga, cuja missão prioritária será negociar com os governos progressistas da região, sendo que em seu papel de assessor da política exterior do novo presidente, propunha levar o país rumo à Aliança do Pacífico, projeto dirigido pelo Pentágono e integrado pela direita costeira.


Para continuar lendo, em espanhol:

Comentários