OCUPAÇÃO DA PREFEITURA DE BH TEVE RÁPIDO DESFECHO E BONS RESULTADOS



Barracas de acampados em frente ao prédio da prefeitura, na Avenida Afonso Pena
De Belo Horizonte (MG) – Finalmente dei as caras com uma pequena mostra dos movimentos sociais da capital mineira. Militantes e famílias que lutam por moradia, em torno de 100 pessoas (segundo os manifestantes, de 100 a 150 pessoas), ocuparam a sede da prefeitura, onde despacha o prefeito Marcio Lacerda, do PSB (um prédio na Avenida Afonso Pena, no centro da cidade, a umas três quadras da Praça Sete, considerada o ponto central da capital).

Entraram na segunda, dia 29, pela manhã, e saíram na noite da terça, dia 30. No início da manhã de ontem, terça, a ocupação ganhou mais destaque na imprensa e repercussão entre os moradores da cidade, porque uma parte dos manifestantes – os que acamparam na frente da prefeitura – resolveu fechar o trânsito da avenida (a Afonso Pena é uma das mais importantes vias da região central).

O motivo do bloqueio: é que, segundo alguns dos manifestantes, o pessoal da prefeitura estava impedindo que os que estavam dentro do prédio (ocupantes) recebessem comida. Então, forçaram a negociação: por volta das 11 horas da manhã, quando estive lá, o fluxo de carros já estava normal através da metade da pista e os ocupantes já estavam sendo abastecidos de comida, segundo me contaram. Não houve repressão.
(As três primeiras fotos: Jadson Oliveira)
Conforme me informaram, a razão do movimento era barrar ordens judiciais de despejo contra comunidades que ocupam áreas no município. Falaram de seis comunidades sob risco de serem desalojadas, abrangendo em torno de 10 mil famílias (o déficit habitacional de BH seria de mais de 100 mil casas populares). Citaram a ocupação Eliana Silva, alvo duma recente liminar autorizando o despejo.

Relataram que há três semanas representantes das famílias se reuniram com o prefeito e este tinha garantido negociar e não forçar ações de despejo. A ocupação da prefeitura e os protestos na porta do prédio tinham, portanto, o propósito de cobrar o cumprimento de tal posição. Quando deixei o local, por volta do meio-dia – a imprensa não tinha tido acesso ao interior do prédio -, a expectativa era um encontro com o prefeito, que estava previsto para a tarde.

Reivindicações atendidas pelo prefeito

À noite, consultei o sítio da Internet do Estado de Minas, o jornal mais forte e tradicional do estado (um dos maiores sobreviventes do antigo império de comunicação organizado nos Diários Associados, do ex-barão da mídia Assis Chateaubriand): segundo seu noticiário (matéria assinada por Lucas Rage e Valquiria Lopes), a reunião aconteceu, o pessoal desocupou a sede da prefeitura e Marcio Lacerda prometeu cumprir três exigências dos manifestantes:
(Estas duas fotos são de Jair Amaral, do jornal Estado de Minas)
1 - Suspensão de liminares de reintegração das ocupações em áreas públicas;

2 - Criação de comissão de negociação, que avaliará a situação de oito comunidades formadas a partir de ocupações (será formada pelo Ministério Público, defensoria pública, prefeitura e integrantes dos movimentos populares);

3 - E, posteriormente, a transformação das ocupações em Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS), o que possibilitará a regularização e urbanização dos espaços.

Como se vê, a matéria do EM fala de oito ocupações (e não seis): além da Eliana Silva, cita as comunidades Camilo Torres, Irmã Dorothy, Dandara, Zilah Spósito, Guarani Kaiowa, Rosa Leão e Vila Cafezal. Informa que os ocupantes (não usa os termos “invasão” e “invasores”, vou checar no jornal impresso) eram “cerca de 50 pessoas”.

De acordo com declarações de manifestantes na porta da prefeitura e com inscrições em camisetas e em cartazes, podia ser notada a participação de movimentos organizados como Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Brigadas Populares e Central Sindical e Popular (CSP) – Conlutas (central ligada ao PSTU).

Intervenção cultural

Transcrevo o final da matéria do sítio do jornal Estado de Minas:

“Uma intervenção cultural toma a Avenida Afonso Pena no sentido Centro/Mangabeiras, em frente à PBH, na noite desta terça. Organizada no Facebook pelo grupo Sarau Vira-Lata, o encontro estava marcado para as 20h e contava com 563 confirmações na rede social. No momento (início da noite), cerca de 200 pessoas ocupam a via, e o trânsito no trecho continua interrompido”.

Presumo (digo eu, este repórter/blogueiro) que tal interrupção se refere à metade da pista em frente à sede da prefeitura, pois o trânsito só foi interrompido realmente no início da manhã, como mencionei acima. Depois, fluiu dentro de relativa normalidade pela outra metade da pista da Afonso Pena, uma avenida bastante larga. 


Fotos de protesto em São Paulo

Publico aqui algumas fotos do protesto desta terça-feira, dia 30, pelo centro novo de São Paulo, em especial na Avenida Rebouças, sentido da Avenida Paulista, conforme material divulgado através do sítio do Yahoo Notícias. Houve repressão policial e quebra-quebra. 

Segundo a matéria, assinada por Daniel Mello, da Agência Brasil, a manifestação foi contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, da Rocinha, Rio de Janeiro (veja matéria postada abaixo sobre o assunto) e contra a militarização da polícia.




 

 

 



Comentários