OS ARGENTINOS CAÇAM TORTURADORES NA BUROCRACIA DA DITADURA



"O arquivo os condena", diz o jornal em manchete de primeira página (Foto: Página/12)
Só pra matar de inveja a banda de brasileiros verdadeiramente democratas: depois da política de direitos humanos pra botar torturador na cadeia, os argentinos partiram pra cima dos monopólios da mídia corporativa – leia-se Grupo Clarín, a Rede Globo de lá -, e agora a batalha é para democratizar o Poder Judiciário.

De Salvador (Bahia) - Um minucioso levantamento feito pela Diretoria de Direitos Humanos do Ministério da Defesa da Argentina, nos arquivos das Forças Armadas do período da última ditadura militar (1976-1983), permitiu a identificação de cerca de mil repressores, dentre os quais 201 já começaram a ser investigados pela Justiça. Cinco deles já estão presos. O assunto foi objeto de ampla reportagem do diário argentino Página/12, assinada por Alejandra Dandan, na edição do último dia 6. A manchete da capa foi “O arquivo os condena”. Título interno: “As pistas que deixa a burocracia”.

Os títulos refletem exatamente o caminho seguido pelos investigadores que vêm trabalhando no caso desde 2010. Muitos foram identificados através dos registros de condecorações por “atos de serviço” aos que participaram da repressão ilegal. Outros nomes apareceram por reclamações “administrativas” de militares que sofriam traumas psiquiátricos e também por pedidos de viúvas que querem cobrar alguma compensação financeira por entenderem que seus maridos sofreram doenças letais ou traumáticas provocadas por esses “atos de serviço”.

É uma nova vertente de caça aos torturadores encontrada pelos argentinos, já que tradicionalmente a identificação de repressores clandestinos fica dependendo da memória e denúncia dos sobreviventes. O governo e o movimento democrático e popular da Argentina estão, nesta matéria, bem à frente dos brasileiros. Lá até o final do ano passado mais de 400 repressores estavam condenados e presos. Há muito mais em prisão preventiva respondendo a processos.

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