MADURO AO LE MONDE: “OS ESTADOS UNIDOS NÃO NOS RESPEITAM”



Primeira página de hoje (dia 2) do jornal francês Le Monde (Foto: Aporrea.org)
O presidente venezuelano diz que os Estados Unidos "estão governados por um complexo militar-industrial, midiático e financeiro" e que seu presidente, Barack Obama, "sorri mas bombardeia"; faz um alerta para o ascenso da extrema direita em seu país e afirma que impedirá "que apareça um novo Pinochet”.

Por Agências (reproduzido do portal venezuelano Aporrea.org, de 02/05/2013)

Caracas - O presidente Nicolás Maduro exige "respeito" dos Estados Unidos, alerta para um ascenso da extrema direita em seu país, e afirma que impedirá "que apareça um novo Pinochet", numa entrevista publicada hoje (dia 2) pelo vespertino francês "Le Monde".

Os Estados Unidos "não nos respeitam", afirma Maduro na entrevista que o diário apresenta como "a primeira concedida a um meio de comunicação internacional desde sua eleição".

O presidente venezuelano assegura que nos Estados Unidos "há um grupo ultra-conservador e terrorista" que às vezes escapa do controle de Washington e cita como membros do mesmo Roger Noriega, John Negroponte e Otto Reich.

Segundo Maduro, os Estados Unidos "está governado por um complexo militar-industrial, midiático e financeiro" e que seu presidente, Barack Obama, que "sorri mas bombardeia", só tem uma imagem diferente do seu predecessor, George W. Bush.

"Nesse sentido, serve melhor aos interesses da dominação mundial dos Estados Unidos", diz.

Maduro justifica as boas relações de seu país com governos considerados "ditatoriais" pela imprensa de direita, como a Líbia do falecido Muamar  Kadafi, a Síria de Bashar al-Assad, a Bielorrússia de Aleksandr Lukashenko ou o Irã de Mahmoud Ahmadinejad.


"Por um lado há um mundo imperial, unipolar, e por outro surge um mundo pluripolar, multicêntrico, em equilíbrio, que representa a prolongação da visão do nosso libertador, Simón Bolívar", analisa.

Acrescenta que a Venezuela "crê neste mundo sem impérios" e aponta que as amizades com Kadafi foram durante anos compartilhadas pelo presidente anterior francês, Nicolas Sarkozy, e o ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi.

Quanto à Síria, Maduro assinala que a situação do país é fruto “duma intervenção estrangeira que provocou uma guerra civil".

O presidente venezuelano diz que a situação vivida atualmente pela Europa é similar à que atravessou a América Latina nos anos 90 e avalia que "todos os indicadores sociais recuam, o que leva a uma explosão política, a revoluções".

Um caldo de cultura que favoreceu a aparição de dirigentes como Chávez, Lula, Kirchner ou Correa, segundo Maduro, que adverte que a Europa "deveria ter cuidado".

Os aliados da Venezuela devem ser, segundo Maduro, os chamados BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que representam atualmente "a esperança que representou a Europa" antes de "se deixar dominar pelas políticas dos Estados Unidos".

"A Europa deve unir-se aos BRICS para favorecer uma grande aliança mundial em favor duma nova forma de co-existência e para que cessem o intervencionismo e a guerra", afirma.

Na política interna, Maduro diz que a oposição está dominada pela extrema direita, que busca "destruir a democracia na Venezuela e impor um projeto totalitário".

Acusa esse grupo de ter "atropelado" a social-democracia e a democracia cristã de seu país.

Frente a esse projeto, se apresenta como a garantia da democracia para "impedir na Venezuela um novo Pinochet".

Justifica sua pequena vantagem nas eleições presidenciais do mês passado porque "partia do zero" após o falecimento de Hugo Chávez, "a alma da revolução bolivariana".

Os "chavistas" "ganhamos 17 das 18 eleições dos últimos 14 anos e afrontamos a mais difícil, porque estávamos sem o comandante Chávez", sublinha.

Numa mensagem sobre o tema econômico, Maduro convida  "todos os que queiram investir" na Venezuela, aos quais propõe as zonas econômicas especiais criadas "seguindo a experiência chinesa".

Em particular, apela à inversão na agricultura em condições "agro-ecológicas" e assegura que a Venezuela "reúne todas as condições para converter-se numa potência agro-alimentar". 

Tradução: Jadson Oliveira

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