A AGROECOLOGIA COMO ALTERNATIVA NO MEIO RURAL



Por Eduardo Sá, no blog Fazendo Media: a média que a mídia faz, de 09/05/2013


O final da década de 80 foi marcado pela ascensão do modelo neoliberal, que no meio rural se traduziu na chamada “revolução verde”. No Brasil isso representou, com a ausência do Estado, a entrada de grandes empresas de insumos agroindustriais, transgênicos e outros elementos propagados pela “modernização do campo”. A reforma agrária, no entanto, avançou muito pouco.

A migração dos camponeses para a cidade seguiu crescendo nos anos 90. O cenário, em termos de direitos sociais e preservação ambiental, não era dos melhores. Não à toa que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), nos últimos 25 anos, se tornou o maior movimento social da América Latina, efeito do modelo de desenvolvimento excludente e predatório. Reflexo da desigualdade no país.

Apesar dessa hegemonia do agronegócio, com forte apoio do governo aos latifundiários e empresas, sustentada ideologicamente pelos meios de comunicação, um modelo alternativo construído pelos agricultores e movimentos, em parceria com a academia, vem crescendo gradativamente nas últimas décadas. Experiências locais, baseadas na agroecologia, têm feito contraponto a esse arranjo dominante. É um método que, através da técnica, faz o embate político. É uma luta econômica e política com base na cultura local. Uma concepção ampla sobre a natureza, em busca da harmonia. Mistura de conhecimento tradicional, herdado secularmente pelos camponeses, com os acadêmicos que acreditam em outra forma de produção no campo. É uma disputa de sociedade.

Segundo alguns integrantes do núcleo executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), uma rede de movimentos sociais, camponeses e acadêmicos e outros setores da sociedade, criada em 2002, que está na vanguarda da luta política nessa área, é possível sintetizar a agroecologia na seguinte fórmula: “Agroecologia como campo do conhecimento interdisciplinar, fundado na aplicação da Ecologia ao estudo dos agroecossistemas, visando à otimização de relações sinérgicas entre capacidade produtiva, uso e conservação da biodiversidade e dos demais recursos naturais, equilíbrio ecológico, eficiência econômica e equidade social”. A segurança alimentar e nutricional da população está associada a essa perspectiva, que é de transformação do modelo de desenvolvimento.


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