TREZE ANOS DE CÁRCERE NÃO BASTAM (Sobre um dos cinco anti-terroristas cubanos presos nos EUA)



(Foto: da Internet)
Por Atilio A. Boron, cientista político e sociólogo argentino (reproduzido do jornal argentino Página/12, edição de 04/03/2013)

Produto de seu enfermiço ódio contra tudo o que signifique a Revolução Cubana, o governo dos Estados Unidos endureceu as condições de liberdade condicional sob as quais se encontra René González Sehwerert, um dos cinco agentes de Inteligência cubanos que se infiltrou nas organizações terroristas com base em Miami com o propósito de desbaratar seus desígnios criminosos, salvando deste modo centenas ou talvez milhares de vidas de cubanos e também de estrangeiros. René nasceu em Chicago, é filho de pais cubanos, emigrados durante os anos de Batista nos Estados Unidos, que regressaram ao país depois da queda da tirania do lacaio de Washington. No julgamento de “Os 5”, que é a maior prova da decomposição moral e jurídica da Justiça estadunidense, os lutadores anti-terroristas foram condenados a penas exorbitantes.

No caso de René, o primeiro a ser posto em liberdade, foram mais de 13 anos de prisão, tendo ele cumprido sua condenação até o último dia. A acusação que pesou sobre “Os 5”: “conspiração para cometer espionagem”, mas não de instalações ou de agências governamentais dos Estados Unidos (forças armadas, agências de Inteligência, etc), e sim dos grupos privados que amparados pelos três poderes da exemplar “democracia” do Norte se dedicam a tramar sangrentos atentados, desestabilizar governos e assassinar militantes sociais. Faziam isso ontem e continuam fazendo hoje.

Precisamente por combater contra esse flagelo teve que purgar longos anos de prisão, enquanto seus quatro companheiros ainda continuam no cárcere. Não obstante, uma vez que cumpriu sua injusta condenação, Joan Lenard, a juíza que cuida do caso, obrigou-o, por ser nativo dos Estados Unidos, a permanecer nesse país durante três anos mais, proibindo-o ainda, no cúmulo do ridículo, de “se aproximar ou visitar lugares específicos onde se sabe que estão ou frequentam indivíduos ou grupos terroristas”. Esses grupos não devem ser incomodados por alguém que vá se intrometer ou se inteirar de seus planos, o que demonstra a falácia da “luta contra o terrorismo” como Washington costuma proclamar. Como se isto fosse pouco, negaram sistematicamente o visto à sua esposa Olga Salanueva para visitá-lo.

O que motiva esta matéria é o fato de que desde setembro do ano passado o Departamento de Estado impediu que funcionários da Seção de Interesses de Cuba em Washington realizem visitas consulares ao prisioneiro, violando as obrigações emanadas da Convenção de Viena (1963) sobre Relações Consulares, que estabelece o direito dum detido a comunicar-se com os funcionários de sua embaixada e destes a fazer o mesmo e a visitá-lo.

Para os verdugos imperiais 13 longos anos de injusta prisão – que no sistema penitenciário dos EUA equivalem aos 15 anos de sua condenação – não são suficientes. Acrescentaram mais três e, ademais, restringiram a possibilidade de exercer o direito de comunicar-se não somente com seus seres queridos, mas também com os representantes de Cuba nos Estados Unidos, pondo desse modo sua vida em perigo. Assim o império trata aos que lutam contra o terrorismo. E diante de tudo isso, que diz o Prêmio Nobel da Paz que tem seu gabinete no Salão Oval da Casa Branca?

Tradução: Jadson Oliveira

Observação do Evidentemente: há um ótimo livro na praça sobre o caso de “os 5 heróis anti-terroristas cubanos”. O título é “Os últimos soldados da Guerra Fria”, de autoria do brasileiro Fernando Morais. Leitura agradável naquele estilo romanceado no qual o autor é mestre.

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