COLÔMBIA: NEGOCIAÇÕES DE PAZ SOBRE UMA AGENDA COMUM



Iván Márquez (esq.), líder da equipe de negociação da guerrilha, lendo um comunicado para a imprensa (Foto: EFE)
O diálogo entre Santos e as FARC em Cuba: o governo colombiano pediu que a guerrilha se concentre nos temas acordados para a mesa de negociações.  E o grupo rebelde afirmou que não demorará a libertação dos três sequestrados.

Matéria do jornal argentino Página/12, edição de hoje, dia 11

O governo da Colômbia advertiu às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) que se concentrem na agenda pactuada para continuar com o diálogo de paz. Também instou a organização a que agilize a libertação de três reféns sequestrados em janeiro, ao concluir ontem (dia 10) outra rodada das negociações para a solução do conflito armado, que se realizam em Cuba. “Não estamos aqui para falar do divino e do humano. Há um rumo claro dos temas definidos para os diálogos e não vamos nos desviar. E esperamos que as FARC cumpram o pactuado”, assinalou o ex-vice-presidente da Colômbia Humberto de la Calle, chefe da equipe negociadora do governo de Juan Manuel Santos.

Os representantes do governo colombiano e das FARC culminaram ontem (dia 10) a fase da mesa de diálogo que começou em 31 de janeiro e, como de hábito, De la Calle leu para os jornalistas uma declaração onde deixou claro que não haverá lugar para introduzir novos temas na agenda de conversações já acertada. “Algumas das propostas da guerrilha, como o tema de minas e energia ou a ideia de frear a construção de mega-projetos para a geração de energia elétrica, simplesmente não fazem parte das discussões”, destacou.

Além disso, De la Calle instou a guerrilha a agilizar a libertação dos policiais Cristian Yate e Víctor González, e o soldado Josué Meneses, sequestrados pela guerrilha colombiana desde finais de janeiro, dias depois que as FARC deram por terminado um cessar-foto unilateral decretado em novembro passado, no início dos diálogos em Cuba. Num comunicado lido para a imprensa, depois do qual se retirou sem responder perguntas, De la Calle enfatizou que “cada ato como este atenta diretamente contra o processo de paz”.

Neste mesmo sentido, Ricardo Téllez, codinome Rodrigo Granda, líder da representação das FARC, assegurou que o processo de libertação dos três reféns vai indo bem e não vai demorar muito. Neste momento a operação de libertação depende mais do governo do que das FARC, garantiu Téllez, com referência à coordenação com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR – “R” de Roja - Vermelha) para a entrega dos prisioneiros.

Téllez rechaçou o qualificativo de sequestrados empregado por De la Calle e frisou que “o que há são prisioneiros de guerra que caíram em operações militares na área de guerra e as FARC estão dispostas a libertá-los”. O guerrilheiro asseverou que por parte das FARC a ordem de libertação dos dois policiais e do militar já está dada e que a guerrilha está pronta e prestes a receber o CICR e a delegação de Colombianos e Colombianas pela Paz. As partes retomarão as conversações em Havana no próximo 18 de fevereiro.

Tradução: Jadson Oliveira

Observação do Evidentemente: As negociações de paz têm uma agenda amarrada previamente aos seguintes temas: a questão agrícola, o combate às drogas, as condições para a participação política dos integrantes das Farc, o abandono das armas e o apoio às vítimas do conflito armado que já dura mais de 50 anos.

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