VOTO CONSOLIDADO DE CHÁVEZ É O DOBRO DA OPOSIÇÃO


Chávez: não caiam em provocações
De Caracas (Venezuela) – O voto considerado consolidado (aqui é chamado “voto duro”) do chavismo chega a 46,4%, enquanto o da oposição está em 21,9%, uma dianteira de 24,5%. Quanto à aceitação dos partidos, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), dos chavistas, tem 45,4%, enquanto as diversas agremiações que se juntaram contra o presidente Hugo Chávez são aceitas por 22,9% do eleitorado. A aceitação do PSUV cresceu 11,7% nos últimos 12 meses, enquanto a dos partidos anti-chavistas diminuiu 10,7% no mesmo período.

São números arrasadores a três meses das eleições presidenciais de 7 de outubro, quando o presidente venezuelano terá como principal oponente Henrique Capriles Radonski, governador do estado de Miranda, o mais populoso do país (Capriles se afastou do governo para se candidatar à Presidência, mas não renunciou, conforme permite a legislação vigente).

Tais números foram anunciados no programa do domingo, dia 8, chamado Confidenciais, mantido por um jornalista bem conceituado de nome José Vicente Rangel, através da emissora privada de TV Televen, com base em pesquisas do Instituto Venezuelano de Análise de Dados (IVAD). Rangel comentou que a tendência apontada pelas medições do instituto é de crescimento da diferença em favor do chavismo, o que, nesta altura do campeonato, significa um desfecho de difícil reversão.

Apesar do chamado “wishful thinking” (“pensamento desejoso”) disseminado na velha mídia de direita pelo mundo afora (na blogosfera do Brasil chamada “golpista”), só não vê a iminente vitória eleitoral de Chávez quem não quer ver. Um ponto importante numa discussão pertinente é o tamanho da vantagem a ser obtida pelo chavismo nas urnas: os chamados bolivarianos lutam por uma vantagem grande para desautorizar as denúncias de fraude que serão – eles têm certeza – levantadas pelos oposicionistas diante da derrota. A meta alardeada, bastante ambiciosa, é conseguir 10 milhões de votos num eleitorado de 19 milhões (em 2006 Chávez obteve pouco mais de 7 milhões – 63% dos votos válidos).

Os chavistas alertam: estão preparados para “cantar a fraude”

Outro ponto importante, em discussão aqui no dia-a-dia da campanha, é o que trama a oposição. Frente à derrota eleitoral, que parece inevitável, os anti-chavistas se esmeram em denunciar os supostos favorecimentos à candidatura governista, como a grande exposição do presidente durante as constantes cadeias nacionais de televisão nos atos de governo, como chefe do Executivo, como chefe de Estado. E, paralelamente, a suposta parcialidade do Conselho Nacional Eleitoral (CNE, que corresponde ao nosso TSE), o árbitro da partida.

Os chavistas contestam: olha aí, estão preparados para “cantar a fraude” no dia 8 de outubro, ao ser anunciado o resultado do pleito. Argumentam que não é apresentado nenhum fato concreto que possa arranhar a lisura da condução feita pelo CNE. E que denúncias como, por exemplo, o uso de cadeia nacional de TV, são descabidas, porque Chávez, apesar de agora candidato à reeleição, continua governando o país, continua presidente da República, continua chefe de Estado, com todos os deveres e prerrogativas do cargo.

Ultimamente a oposição lançou a idéia de um acordo entre os candidatos: ambos prometeriam respeitar o resultado das urnas, mas com algumas condições, a principal é justamente acabar o suposto abuso das cadeias de TV. Chávez respondeu: para mim, o acordo já está feito, já jurei respeitar a palavra definitiva das urnas, mas não temos que alinhar quaisquer condições, porque as condições já estão expressas na legislação em vigor, na Constituição.

Para o chavismo, a situação é clara: a oposição sabe que vai perder e busca desestabilizar o processo eleitoral, o governo bolivariano, a revolução bolivariana, provocando, por exemplo, atos violentos durante a campanha. Para isso, conta com muito dinheiro e o poderoso dispositivo midiático interno e internacional, tudo sob os auspícios do império norte-americano, através da CIA (sua agência de inteligência) e seus mil e um tentáculos.

Cabe aos bolivarianos, alerta todo dia o presidente Chávez, estarmos preparados – povo e Forças Armadas – para abortar as ameaças e tentativas de desestabilização. E chama a atenção de seus seguidores, em todas as oportunidades: cuidado, não caiam em provocações!

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