DEMOCRATIZAR A COMUNICAÇÃO: DESAFIO DOS GOVERNOS DE ESQUERDA ("Declaração" do Foro de São Paulo)


A "Declaração de Caracas" foi lida no final do encontro por Valter Pomar, secretário-geral do Foro de São Paulo (no meio, roupa branca, entre o chanceler do Equador Ricardo Patiño e Hugo Chávez) (Foto: AVN)
De Caracas (Venezuela) – A necessidade de democratização dos meios de comunicação foi um dos 41 pontos que compõem a Declaração de Caracas, lida no encerramento do XVIII Encontro do Foro de São Paulo, realizado nos dias 4, 5 e 6 de julho na capital venezuelana. Segundo os organizadores, participaram 800 delegados e delegadas de 100 partidos e organizações de esquerda de 50 países dos cinco continentes, a maioria da América Latina e Caribe.

Eis na íntegra o ponto 6, o das comunicações e, em seguida, alguns destaques:

“A direita vem desencadeando uma ampla campanha midiática orquestrada pelo poderoso consórcio internacional de comunicações. A atitude dos grandes meios de comunicação e da direita é um tema recorrente na agenda política regional. As grandes corporações desenvolvem planos para desestabilizar governos, comportando-se como um poder capaz de se colocar acima de autoridades públicas emanadas do sufrágio universal. Grandes empresas midiáticas desafiam dia a dia a democracia e suas instituições. Este é talvez um dos maiores desafios que têm pela frente os governos de esquerda: a democratização da comunicação”.
Debate sobre os meios de comunicação, um dos vários temas abordados nos três dias do encontro (Foto: Jadson Oliveira)
Construindo um mundo socialista – A convocação no último dos 41 pontos: o Foro “conclui convocando os povos a lutar contra o neoliberalismo e as guerras, a construir um mundo de justiça social, democracia e paz. Outro mundo é possível e todos e todas nós estamos construindo: um mundo socialista”.

“Twitaço” em favor de Chávez – Alguns dos itens da “declaração” foram dedicados a Venezuela, a exemplo da manifestação de repúdio às tentativas da direita de desestabilizar a democracia venezuelana. Fora dos 41 pontos, foi anunciada a realização "em todas as capitais do planeta" de um dia internacional em apoio ao "processo revolucionário" na Venezuela, que está marcado para o próximo 24 de julho, para coincidir com o 229º aniversário do nascimento de Simón Bolívar. Também foi decidido um "twitaço" mundial em apoio ao presidente Hugo Chávez (concorre à reeleição em 7 de outubro), num dia a ser acordado.

Apoio ao fundador do Wikileaks – Também fora da “declaração”, foi pedido ao governo do Equador a concessão de asilo político ao ativista Julian Assange, que está refugiado na embaixada do país em Londres.

Prisioneiros políticos nos Estados Unidos - Dezenas de outros posicionamentos foram explicitados, como: soberania da Argentina sobre as ilhas Malvinas; respaldo à reivindicação da Bolívia por uma saída ao Pacífico; apoio à luta por independência de Porto Rico e pela libertação do prisioneiro político portorriquenho Oscar López Rivera, preso há mais de 31 anos nos Estados Unidos; implementar novas ações contra o bloqueio norte-americano a Cuba e pela libertação dos “cinco heróis”, cubanos prisioneiros políticos também nos Estados Unidos.
Mesa e plenário do debate sobre os governos progressistas e a esquerda (o 1o. da dir. para a esq. é o sociólogo brasileiro Emir Sader) (Fotos: Jadson Oliveira)
Apoio aos paraguaios e hondurenhos – Os militantes do Foro apóiam o povo do Paraguai na sua resistência contra o regime instaurado após o golpe de Estado; e Xiomara Castro De Zelaya, mulher do ex-presidente Manuel Zelaya, derrubado pelo golpe de 2009, “como candidata de consenso das forças da Resistência” para a Presidência de Honduras.

Retirada de tropas do Haiti – O Foro declara solidariedade ao povo haitiano na luta pela soberania e pede “a retirada programada das forças estrangeiras” de seu território. Diz: “A superação da situação de crise que vive o Haiti exige nosso apoio tecnológico, humanitário e material”.

Apoio ao processo de paz na Colômbia – Decidido “formar uma comissão representativa dos movimentos e partidos políticos do Foro de São Paulo, que de comum acordo com os partidos e movimentos colombianos, visite o país e proponha uma agenda de estudo, de contactos e apoio para os propósitos unitários”.

Soberania da Palestina – “O Foro de São Paulo manifesta o seu apoio à luta pela soberania e autodeterminação da Palestina e sua entrada nas Nações Unidas como membro pleno”.

Contra invasão da Síria e Irã – “Nos opomos rigorosamente contra qualquer intervenção externa armada na Síria e Irã e convocamos as forças progressistas e de esquerda para defender a paz na região”.

Quem quiser ler toda a “Declaração de Caracas”, clique para Opera Mundi.

Observação do Evidentemente: Está havendo uma polêmica interessante entre o intelectual argentino Atilio Boron, convidado para a mesa de encerramento do encontro pelo governo venezuelano, e Valter Pomar, secretário-geral do Foro e dirigente nacional do PT brasileiro.

Para ler a avaliação crítica de Boron (em espanhol), que está postada logo em seguida à resposta de Pomar (no sítio do PT - www.pagina13.org.br), clique aqui.



Comentários

Anônimo disse…
Beleza de texto!
Fabiano