“AGORA ME SINTO UMA PESSOA COMPLETA” (Gabriel Matias Cevasco)


Gabriel aos 25 anos:“A surpresa foi quando confirmei que havia muitas
 pessoas que durante 24 anos estavam me procurando e mais ainda
quando me disseram que meu pai estava vivo” (Foto: Reprodução) 
“Sabia que não era filho biológico, mas durante anos não me animei nem sequer a tocar no assunto”, recorda Gabriel, que em outubro de 2000 recuperou sua verdadeira história. Até então, sua namorada – hoje sua esposa – lhe dizia: “Mas veja se você tem irmãos ou se seus pais estão vivos”. Porém, Gabriel estava convencido de que seus pais estavam desaparecidos, na verdade lhe haviam dito que eles tinham sido mortos num enfrentamento.


“Aos 21 anos me animei, fui à CONADI (Comissão Nacional pelo Direito à Identidade) e logo depois a ‘Abuelas’ (Avós da Praça de Maio). Não podia suportar mais desconhecer minhas origens e, sobretudo, a verdade”. Gabriel pôde reencontrar seu pai: “A surpresa foi quando confirmei que havia muitas pessoas que durante 24 anos estavam me procurando e mais ainda quando me disseram que meu pai estava vivo”. Gabriel tinha três meses quando foi seqüestrado, e ia nos braços de sua mãe, Maria Delia Leiva, que continua desaparecida.


“Seria terrível para mim passar a vida desconhecendo quem era na realidade e ignorando os que tanto me amavam e estavam me procurando. Minha vida, agora, transcorre normalmente. Me sinto uma pessoa completa. Sempre me senti incompleto, até o dia em que conheci meu velho, me conheci a mim mesmo, descobri quem era, qual era meu verdadeiro nome”.

(De Buenos Aires/Argentina - Gabriel completou em outubro do ano passado 34 anos. Viveu até aos 24 anos com o nome de Ramiro Hernán Duarte. É um dos 103 “netos” e/ou “netas” já identificados, recém-nascidos roubados dos presos políticos pelos repressores da última ditadura argentina – 1976-1983. Sua mãe foi sequestrada com ele em 11 de janeiro de 1977. A matéria acima foi traduzida do sítio de Abuelas de Plaza de Mayo – www.abuelas.org.ar).




Identificada a “neta 103”


No mês passado foi identificado mais um bebê roubado durante a ditadura, chegando à “neta 103”, como dizem aqui. Quer dizer, dos cerca de 500 recém-nascidos apropriados pelos repressores, conforme estimativa de “Abuelas” (Avós) da Praça de Maio, até agora 103 foram identificados e tiveram suas identidades restituídas. No caso, trata-se de uma mulher chamada Maria, criada por uma família da cidade de Santa Fé, que passará a usar seus verdadeiros sobrenomes. Ela é filha de Cecilia Beatriz Barral (desaparecida/assassinada), que militava no Exército Revolucionário do Povo (ERP) e estava grávida quando foi sequestrada em 2 de agosto de 1976.


Comentários