Cerca de 50 mil partidários dos Kirchner lotaram o estádio do Huracán (time de futebol) para marcar a formação da Corrente Nacional da Militância (Foto: Deta Maria) |
E bote entusiasmo nisso. A numerosa assistência, que representava vários movimentos sociais e populares explicitados no emaranhado de bandeiras e cartazes, interrompeu dezenas de vezes, com aplausos, canções e consignas, os discursos, especialmente o da presidenta, recebida com euforia, sempre vestida de luto e sempre fazendo repetidas menções a “él” (ele), seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, cuja morte, há quase cinco meses, deu um enorme empurrão na sua popularidade (as últimas pesquisas dão sempre mais de 40% de intenções de voto a Cristina, enquanto os possíveis concorrentes ficam de 10% para baixo).
Ao chegar, a presidenta saúda demoradamente a plateia e é brindada com o bordão: “Borombombón, borombombón, para Cristina la reelección” (Foto: Deta Maria) |
A plateia interrompeu os oradores dezenas de vezes com aplausos, canções e gritos de guerra (Foto: Deta Maria) |
O emaranhado de bandeiras e cartazes mostra a grande variedade de movimentos sociais engajados na campanha liderada por Cristina (Foto: Deta Maria) |
Falou da integração soberana da América Latina (os aplausos foram seguidos pelos gritos “pátria sim! colônia não!”), da recuperação dos valores culturais e da verdadeira história argentina, da ação para consolidar o modelo de universidade nacional, pública e gratuita. E, claro, dos êxitos obtidos na economia e na área social a partir de 2003, quando Néstor Kirchner assumiu o poder. Ou seja, depois do “fundo do poço” em que foi jogada a Argentina subjugada aos ditames neoliberais do Fundo Monetário Internacional (década de 90), particularmente durante o governo de Carlos Menem.
O ato começou em torno de 6 horas da tarde e durou quase três horas. Antes de Cristina chegar e discursar, houve pronunciamentos de lideranças da Corrente Nacional da Militância e de entidades que ajudaram a organizar o evento, como Movimento Evita, Juventude Sindical, Frente Transversal e La Cámpora. Participaram ministros, governadores, parlamentares, prefeitos, autoridades governamentais e caravanas de várias províncias (estados) do país. Na chegada da presidenta foi entoado o hino nacional e, no final, já sem sua presença, os militantes e dirigentes esbanjaram fervor ao cantar a marcha peronista (o refrão: “¡Perón, Perón, qué grande sos! ¡Mi general, cuanto valés! ¡Perón, Perón, gran conductor, sos el primer trabajador!”).
Foi a primeira vez, neste ano eleitoral, que a presidenta participou de um ato estritamente político e inserido na campanha (a eleição será em outubro). E representou o coroamento da mobilização que a militância kirchnerista vinha promovendo há alguns meses, com debates, seminários e manifestações públicas, dentro da meta de unificar a atuação dos diversos movimentos sociais afinados ou próximos do peronismo alinhado aos Kirchner (há também o peronismo opositor, à direita, chamado Peronismo Federal, liderado pelo ex-presidente Eduardo Duhalde).
Eis como o secretário-geral do Movimento Evita, Emilio Pérsico, define os objetivos da ação visando influenciar o governo a adotar posições afinadas com os interesses populares: “Para institucionalizar o Movimento Nacional, temos que agir no social transformando os avanços em direitos; no institucional, transformando o Estado Neoliberal num Estado Democrático, Participativo e Popular, incorporando os Jovens, os Trabalhadores, os Militantes fortemente ao Estado; e no político, organizando a Corrente Nacional da Militância como força política”.
Seguem três vídeos:
Vídeo 1: A chegada de Cristina e o início do hino nacional.
Vídeo 2: Início do discurso de Cristina. Ela se refere ao marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, "companheiro de toda minha vida". E a assistência canta: "Néstor não morreu..."
Vídeo 3: Marcha peronista. O refrão: “¡Perón, Perón, qué grande sos! ¡Mi general, cuanto valés! ¡Perón, Perón, gran conductor, sos el primer trabajador!”
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