CARTA DE NOTÍCIAS AMENAS


Minha querida amiga, desde os bons ares da capital argentina, te saúdo nesta carta de notícias amenas, pois sei que não curte papo de política, revolução socialista, democracia participativa, mobilização popular, essas coisas das quais tenho falado neste meu Evidentemente e que tanto me animam. Sei que muitas das matérias você lê mais por consideração, mas tudo bem.


Sob os eflúvios da beberagem de logo mais, supostamente em homenagem ao Ano Novo, posso até te surpreender avisando que tenho uns passeios turísticos programados, sinal de que terei assunto para nossas conversas. Posso inclusive “bailar” uns tangos qualquer dia desses, aguarde (por enquanto, vai aí junto um vídeo com exibição de tango na Rua Lavalle, centro da cidade, gravei para o blog Pilha Pura – www.pilhapuradejoaninha.blogspot.com ).


O Obelisco, com os ornamentos de Natal e Ano Novo, marca o cruzamento das
tradicionais avenidas 9 de Julho e Corrientes, na área central da capital portenha
Vista noturna da Casa Rosada, palácio do governo federal, na Praça de Maio
Parte da Praça do Congresso, tendo ao fundo o prédio do Congresso Nacional
Amiga, Buenos Aires é uma cidade grandiosa, cosmopolita, mesmo a gente vindo da nossa mega-metrópole São Paulo, dá pra sentir o impacto. (Tem apenas quase três milhões de habitantes, mas juntando com a Grande Buenos Aires e a província, estado, de Buenos Aires, a população representa um terço dos 40 milhões do país). Suas ruas e avenidas são imensas, com traçado simétrico, algumas bem largas, um número impressionante de livrarias, teatros, cafés, restaurantes.


Falar em restaurante, a coisa mais cara aqui, para meus modestos padrões, é almoço. Não tem o popular “a quilo” (“por quilo”, como eles dizem aqui), encontrei um, que fica realmente barato, mas você tem que levar para comer em casa ou comer na rua ou num cantinho sem qualquer conforto. Aluguel de apartamento é mais barato, ônibus e metrô são baratíssimos. Andei tomando uns uísques bem caros, mas agora já tenho pontos com preços equivalentes aos de São Paulo e Curitiba, achei um Jack Daniel’s mais barato do que no Rio Vermelho, em Salvador. Cotação do peso argentino: 1 dólar vale 4 pesos e 1 real vale 2,2 pesos.


Minha amiga, os argentinos têm uma certa fama de machões, sei que não tem nada a ver, mas os amigos homens se cumprimentam com um beijo no rosto, somente um (como fazemos aí no Brasil entre homens e mulheres, sendo que aí são dois beijos; aqui, entre homens e mulheres, também é apenas um beijo; na Europa, são três, não é isso?).


El viejo del bosque perdido
A cultura aqui parece ser impregnada de tango e Carlos Gardel. Notei um dito popular expressivo quanto a isso. Vou dar o exemplo: Ricardo Alfonsín é filho do ex-presidente Raúl Alfonsín, quer ser candidato a presidente da República e quando discursa ou se apresenta em público faz tudo pra imitar o pai. Então, um adversário político para criticá-lo, diz assim: “Ele se veste como Gardel, se penteia como Gardel, mas não canta como Gardel”.


Bem, querida e discreta amiga, prometo te escrever mais, apesar da minha pauta por aqui estar sempre lotada de “protestas” e “marchas” pelas ruas. Mando umas fotos da cidade e uma especial nomeada “El viejo del bosque perdido”, sobre a qual falei no Pilha Pura, dê uma espiada lá. Beijo, muita saudade.

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