Grevistas da Justiça desafiam chuva e frio

De São Paulo (SP) – Os servidores da Justiça estadual, em greve há quase 80 dias, desafiaram a chuva e o frio nesta quarta-feira, dia 14, e, reunidos mais uma vez na Praça João Mendes, no centro da cidade, decidiram manter a paralisação.

Além de proteção contra o mau tempo – foi a temperatura mais baixa do inverno paulistano, chegando em torno de 14 graus durante a tarde -, os grevistas usaram máscaras cirúrgicas (alguns até contra gases) para protestar contra as agressões da Polícia Militar na assembléia anterior, o assunto predominante nos discursos e manifestações (ver a matéria logo abaixo Frente do Fórum em SP vira praça de guerra).


O impasse continua: os representantes da presidência do Tribunal de Justiça, que vinham mantendo negociações com os dirigentes sindicais, embora não tivessem contra-proposta concreta para a reivindicação de 20,16% de reposição salarial, esta semana nem sequer se reuniram com os sindicalistas, conforme eles relataram para a assembléia.

E mesmo com cerca de 80% dos colegas trabalhando, os grevistas não arredam pé: debaixo de uma chuva persistente, às vezes mais grossa, às vezes mais fina (olha a garoa!), umas 600 pessoas encostaram momentaneamente os guarda- chuvas e levantaram com entusiasmo os dois braços: a greve continua!




Protógenes fala na assembléia. Ao lado, o advogado Adib Abdouni

Os servidores tiveram em sua assembleia desta quarta-feira a participação de Protógenes Queiroz, o delegado da Polícia Federal que ficou famoso pela condução da Operação Satiagraha, na qual foi implicado o banqueiro Daniel Dantas. Ele manifestou sua solidariedade aos grevistas e falou de sua cruzada contra a corrupção no país (Protógenes é candidato a deputado federal pelo PC do B).

 Já o deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL) falou também do seu apoio ao movimento e explicou o andamento da tentativa de aprovação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa, visando apurar denúncias de irregularidades no uso de verbas orçamentárias destinadas à folha de pagamento do Tribunal de Justiça.

Os grevistas aprovaram ainda medidas com o objetivo de fortalecer o movimento, a exemplo de manifestações defronte de fóruns de cidades do interior. No caso da capital, eles decidiram fazer uma fogueira, em frente ao Fórum João Mendes, na próxima quarta, com os contra-cheques (holerites, como dizem os paulistas) dos servidores constando os descontos nos salários em represália aos dias parados.


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