Bye, Bye, Trinidad!

Minha turma de inglês, com diretor, secretária e professoras

De Porto Espanha (Trinidad e Tobago) – “Quem parte leva saudade...” Estou vivendo os últimos momentos trinidenses, aquele olhar meio nostálgico de quem sabe que, muito provavelmente, não verá mais estas paragens, ou invertendo, não comporá mais estas paisagens. Port of Spain, com seu calor abrasador (iniciou-se agora a temporada de chuvas, mas o calor continua), sua população originária de africanos e indianos, seu inglês crioulo, será em breve, para mim, imagens cada dia mais descoradas na parede da memória. Ou fotos no computador, que não amarelam, mas podem ser sumidas por um vírus. Coisas da modernidade!


Quando minha editora Joaninha (jornalista baiana Joana D’Arck) estiver postando este texto, estarei – se o imponderável não meter o bedelho – voando para o frio da maior cidade da América do Sul, onde pretendo montar acampamento por uma temporada:


Cumpro minha sina

Estou numa esquina

Da América Latina.
Dou meus últimos passeios pelo centro da cidade (downtown), pela Praça da Independência, que em verdade não é uma praça, e sim uma larga e curta avenida, espio o porto, faço uma caminhada até a Avenida Ariapita, onde estão bares e restaurantes meus conhecidos, principalmente no primeiro mês dos três que por aqui passei. Chego até o Movie Towne (bairro Woodbrooke), com suas salas de cinema e o centro comercial, parada obrigatória no bar Trader Jacks, que chamei em outra matéria, equivocadamente, Red Bull (uma bebida energética muito anunciada aqui).



Outro dia um último olhar no bairro St.James, na Western Main Road, onde estive com uns amigos numas noites de farra. Um me dizia que “aqui a cidade nunca dorme” e eu dizia “como Nova York naquela canção famosa cantada por Frank Sinatra, a cidade que não dorme”, e repetia em péssimo inglês, “the city that doesn’t sleep”... tomando rum...



Em St.James está o curso de inglês que frequentei durante dois meses, o Pro-Language Institute (PLI), realmente intensivo, muito bom. Me diverti bastante com os jovens colegas venezuelanos e colombianos, mais garotas do que rapazes. Na “formatura” foi divertidíssimo. O diretor Denis Pierre não se esqueceu de registrar, na solenidade, ao me entregar o certificado (conclusão do nível Pre-Intermediate), que fui o estudante mais velho da escola. E bote mais velho nisso! Me recordo minha mãe dizendo: “Meu filho, você não acha que está muito velho pra andar nesse negócio de escola, não?”



Mas ultimamente tenho andado mesmo é no bairro Belmont, mais simples, mais barato, onde morei nos últimos dois meses. Passagem obrigatória pelo Parque Savana ou pela Rua Charlotte (Charlotte Street), que me lembra a Baixa dos Sapateiros (Salvador/Bahia) e, especialmente, frequência assídua no bar JJ’s, numa esquina da Belmont Circular Road.



Uma última cerveja Carib, uma última dose de rum e de uísque Black & White. Uma última saideira. Há sempre um negro/negra mexendo o corpo ao som do “soca”, o ritmo mais tocado nesta terra caribenha, meio parecido com o reggae, que também é daqui do Caribe, Jamaica. Há sempre um negão que te aborda, “where are you from?” (de onde é você?). Em seguida fala de futebol, começando, claro, por Pelé, que eles pronunciam, inacreditavelmente, Pili ou Pilê.



E vai por aí... bye, bye, Trinidad, até de repente, como diria meu velho companheiro bancário Pedro Barbosa.

Comentários

Este comentário foi removido pelo autor.
Excluir comentário de: Evidentemente

Blogger jonas disse...

Li tudo Jadson. Sempre é dificil se despedir, mas para voce, depois de tantas viagens, já é rotina, já é algo necessario para poder desbravar outras fronteiras. Não sei exatamente como se sentes, mas poderia imaginar a ansiedade ou aquele frio na barriga de quando se parte.
Boa viagem amigo. muita saudade!
Jadson disse…
Olá, Jonas, sempre um prazer encontrar tua palavra amiga aqui nos comentários. Tô agora pertinho de vc, aqui no frio de São Paulo, quase tão frio quanto aí em Curitiba Acho que qualquer dia desses a gente vai se vê.
Vamos ver se consigo me entrosar como aí na bela capital paranaense.