Pra não dizer que não falei de bares

De Porto Espanha (Trinidad e Tobago) – Amiga, como estás? Há muito tempo não nos falamos. As últimas cartas que te fiz, creio, foi de Assunção, lá para os idos de setembro/2009, falavam de coisas feias, ditadura, tortura, Stroessner.

Pois é, estou passando uma temporada no Caribe, exercitando a estimulante arte da solidão e da busca do não sei o quê. Mas já estou me enturmando, não com os nativos e seu inglês quase intransponível, sim com os latino-americanos do curso de inglês. Talvez te mande umas fotos com jovens venezuelanos(as) e colombianos(as), não na escola, sim num bar.

Ah, é isso aí, vou te falar do assunto titular. Já andei neste quase um mês por aqui em cinco bares, tu sabes que é uma das minhas especialidades (há outras?), frequentar bar, se fosse possível, boteco. Todos no bairro Woodbrooke, a uns 20 minutos de caminhada para o miolo da cidade.

Os prediletos: Crobar, na Avenida Ariapita, e Red Bull, no centro comercial junto ao Movie Towne, onde funcionam 10 salas de cinema (uma cervejinha custa o equivalente a 3 a 5 reais e uma dose de uísque Black&White, 10, 11 reais, bem mais caras do que em Salvador/Bahia, Assunção ou La Paz).

CADÊ A INSERÇÃO? - Sobre o curso de inglês aqui no PLI – Pro-Language Institute, faço uma observação talvez na esperança de que algum colega estudante leia esta carta: o curso parece muito bom, intensivo mesmo, mas tem um problema fundamental: não há inserção. O que é isso? É você estudar num país onde se fala a língua que você está estudando. Seria o caso daqui, mas, na prática, não é.

Porque os estudantes são todos de fala espanhola (acho que a única exceção sou eu), e eles estão sempre juntos, falando espanhol. Na própria escola, quando saem da sala de aula, falam espanhol, moram em grupos nas mesmas casas, saem juntos, comem juntos, bebem juntos, sempre falando sua língua original. Para que se vai estudar inglês num país de fala inglesa? Para, enquanto estuda, falar o inglês no dia-a-dia, a tal da inserção.

“ISSO NÃO É VENTO, É BAFO” - Pois então, amiga, vou te dar umas dicas sobre Port of Spain (nome oficial), esta pequena e charmosa cidade habitada por negros, de temperatura durante o dia sempre acima dos 30 graus. Já é muito calor e ainda estamos a dois meses do verão caribenho, muito sol, e sempre bate um vento quente, o qual costumo chamar bafo (conheci um semelhante lá pelo norte da Bahia, região de Jeremoabo/Paulo Afonso, onde constatei: “Isso não é vento, é bafo”).


CRÍQUETE, BEISEBOL E FUTEBOL - Li na Internet que o esporte mais importante aqui é o tal do críquet (deve ser críquete em português), vi inclusive, de fora, um grande estádio. O beisebol também é muito praticado, acho que os dois têm muitas semelhanças, mas não os entendo. O país ganhou, em 1976, uma única medalha de ouro nos Jogos Olímpicos.

Já o nosso velho futebol é muito popular por aqui, mas Trinidad e Tobago só conseguiu chegar uma única vez à Copa do Mundo. Foi em 2006, na Alemanha. Aguentou, claro, só a primeira fase, empatou uma partida e perdeu as outras duas. Os craques brasileiros (Ronaldo, Ronaldinho, Kaká, etc) que jogam ou jogaram na Europa são, óbvio, muito conhecidos.

Na tarde do último sábado, dia 10, por exemplo, viam-se aglomerações de trinidenses em frente a TVs em vários pontos da cidade, assistindo às proezas de Messi e Cristiano Ronaldo (Kaká não jogou), no jogo Barcelona 2 X 0 Real Madrid (é o caso das pessoas que aparecem na frente do Movie Towne, numa das fotos que vou tentar postar, se não conseguir peço socorro à minha editora).

Querida amiga, depositária anônima de minhas anotações, depois te conto mais, beijos, abraços.

Comentários

Anônimo disse…
Jadson,

Esse lance da inserção (ou falta dela) é normal. Havia o mesmo problema lá na Nova Zelândia. Os asiaticos ficavam entre si, os latino-americanos também e até os brasileiros. Parece uma tendência natural buscar os semelhantes. O esforço e disciplina para falar somente inglês depende do estudante.

Good luck,

Fabiano
Jadson disse…
É isso mesmo, Fabiano, vou morar num esquema aqui da turma do curso de inglês e já combinamos (eu e meu companheiro de quarto, o colombiano Armando, com quem fiz amizade) que vamos nos comunicar em inglês.
Unknown disse…
MY GOD!! Como procurei por um cidadão brasileiro que tivesse estudado em T&T e quando acho, o post já tem dois anos!! kkk Mas vamos torcer para que vc veja meu post. Vale a pena? Quanto tempo ficou e qual foi a melhora no seu inglês? Recomenda? E a cidade? Lugares pra se morar e lugares para evitar? Estou pesquisando com a mesma escola que você citou no texto. Vejo que a moeda deles é desvalorizada em relação ao real, mas se for como na argentina que tudo custa os olhos da cara mesmo com o peso em baixa.... como é o custo de vida?

Bom, era isso, desde já Muito obrigada!