Estão de olho gordo no pré-sal

A marcha pela reforma agrária e contra a crise percorreu 30 cidades

De Curitiba(PR) - A cobiça das corporações internacionais pelo petróleo do pré-sal, imensas reservas descobertas pela Petrobras na costa brasileira, foi um dos pontos mais destacados no mutirão promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná (marcha por quase 30 cidades e debates sobre a crise do capitalismo – ver matérias anteriores neste blog).

Nos debates do encerramento das atividades, em Curitiba (no Colégio Estadual do Paraná – CEP, domingo, 7 de junho), o tema voltou com força. Ricardo Gebrim (foto), da Assembléia Popular (AP – espaço de articulação de movimentos sociais), frisou tal ameaça ao discorrer sobre a crise e a necessidade de um projeto popular para o Brasil.

Para Gebrim, uma das medidas postas em prática pelas classes dominantes para enfrentar a crise é justamente intensificar a apropriação dos recursos naturais em todo o mundo. E, neste momento no Brasil, o tesouro armazenado na camada do pré-sal faz içar as velas e afiar as espadas dos piratas modernos.

INTERESSES POR TRÁS DA CPI DA PETROBRAS - Durante a sessão de perguntas, um dos militantes que lotavam o auditório, retornou ao assunto: “A CPI da Petrobras, ora em processo de instalação no Senado, teria entre suas motivações a cobiça pelas reservas do pré-sal?” Gebrim foi enfático: “Sim, não há qualquer dúvida”.

(A iniciativa para a criação da CPI é do PSDB, não por coincidência o mesmo partido do ex-presidente FHC, que entregou quase todo patrimônio nacional às empresas multinacionais e quebrou o monopólio da exploração de petróleo, além de ter privatizado, parcialmente, a Petrobras. Embora ela se mantenha controlada pelo governo, que detém 51% das ações com direito a voto, cerca de 60% de suas ações estão hoje em mãos privadas, grande parte delas comprada por estrangeiros.

Continua o parêntese: a CPI da Petrobras, que formalmente quer investigar supostas irregularidades na empresa, foi tema de recente debate na TV Paraná Educativa, no programa “Brasil Nação”, apresentado por Beto Almeida, que dá sempre espaço às posições mais à esquerda, ao contrário do pensamento único da direita predominante na mídia privada.


Refletindo a postura nacionalista do governador Roberto Requião, a emissora atualmente repete várias vezes ao dia uma inserção publicitária alertando que “tem gente de olho gordo” no pré-sal, “não permita que roubem o nosso petróleo”। Fecha o parêntese.
Os Sem Terra fizeram concentração na porta da Universidade Federal.

A palavra de ordem “O pe
tróleo tem que ser nossओ” esteve sempre presente nas manifestações do MST na capital paranaense। Uma edição especial sobre o assunto do jornal Brasil de Fato - porta-voz de setores políticos mais à esquerda dentro das diversas nuances das esquerdas brasileiras - foi distribuída durante os quatro dias de atividades.
SALVAR O LUCRO DOS CAPITALISTAS - Claro que a palestra e o debate conduzidos por Ricardo Gebrim foram bem mais amplos, abrangendo desde a caracterização da crise até as oportunidades de luta que ela propicia e os desafios para as forças populares। Passando pelos embates das últimas décadas – ascenso e refluxo das mobilizações – e as ações adotadas pelos governos para salvar o lucro dos capitalistas, como a injeção de bilhões e trilhões saqueados do Estado।

A “mística”, com música e poesia, encerrou a programação
A programação do dia incluiu ainda a avaliação dos militantes sobre os debates realizados nas escolas e bairros. No final, eles apresentaram o que denominam “mística”, uma encenação teatral, com música e poesia, simbolizando e exaltando a luta pela terra e contra as injustiças sociais.

Comentários

Joana D'Arck disse…
Companheiro, raramente comento aqui no seu blog, porque me julgo suspeita (hehehehehe...) mas quero dizer que adorei essa sua cobertura da marcha do MST. Aproveito para cobrar novas coberturas por aí, porque é uma grande oportunidade pra gente conhecer ângulos difrente da mídia gorda. Parabéns!