Viva a diversidade!

O Fórum Social Mundial (FSM) é, por excelência, o espaço para se exercitar a diversidade. O número e a variedade de idéias em circulação nos campi das universidades federais do Pará (UFPA) e Rural da Amazônia (UFRA), em Belém do Pará, nestes seis dias de FSM, são impressionantes.
Os depoimentos a seguir, colhidos de alguns participantes nesta sexta-feira, dia 30, dão uma pequena amostra dessa realidade:


Boaventura de Souza – (O repórter teve a ventura, sem trocadilho, de topar com o renomado professor e sociólogo português que acabava de palestrar sobre “Crise civilizatória e utopia para o século 21”. Havia uma pequena fila para se dar uma palavrinha com ele ou mesmo tirar uma foto ao seu lado. Como uma celebridade! Entrei na fila e perguntei: “Professor, por que participar do Fórum Mundial?”

Sua resposta: “O Fórum é um espaço onde podemos ventilar idéias e, sobretudo, criar condições para uma aliança entre os movimentos sociais. Muitos conhecimentos circulam por aqui e isso é importante”.


Jair dos Santos, 45 anos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas (SP): “Nós, metalúrgicos de SP, participamos de todas as edições do Fórum. Entendemos como um espaço de diálogo global, o que permite conviver com as mais diferentes culturas e ideologias, numa perspectiva de que um outro mundo é possível”.

Jéferson Soares, 25 anos
, estudante de Jornalismo, gaúcho, blogueiro, está participando e cobrindo: “É importante estar por dentro das discussões sobre nossa realidade, do Brasil e da América Latina”.


Renato Cinco, 34 anos, sociólogo, do Rio, dirigente da Marcha da Maconha, ligada ao movimento Marijuana Global March, criado em Nova York em 1999 (para este sábado, dia 31, às 15 horas, está programada a marcha propriamente dita no campus da UFRA): “O Fórum é importante para a articulação e politização do nosso movimento – inserir o debate dentro da discussão geral visando a transformação da sociedade. Nosso objetivo principal é a legalização da maconha, para diminuir a violência e eliminar as prisões e as mortes do povo pobre, os que realmente pagam o preço da cr
iminalização”.

Terezinha Maglia, 52 anos, funcionária pública, de Brasília, estava distribuindo panfletos: “Trabalho com os povos indígenas e estou no Fórum fazendo uma atividade de divulgação sobre os dispositivos contidos na Constituição brasileira referentes a eles”.

Le Cocq Alain, 68 anos, francês da cidade de Rennes, morando há quatro meses na Guiana Francesa, membro de uma comunidade religiosa: “Estou com um grupo de 60 pessoas, ligado ao Cáritas France. Tenho grande prazer em conhecer outras idéias, outros pontos de vista. Realmente é impressionante ver a capacidade de entendimento dos jovens, buscando a transformação do mundo”.

Priscilla Sabajo, 26 anos, secretária, da Guiana Francesa: “O Fórum é um momento apropriado para se expandir os conhecimentos, a visão das coisas do mundo. Encontramos muitas pessoas com problemas semelhantes, como os de imigração e de destruição das florestas”.




Alejandra Scampini, 35 anos, uruguaia, do movimento de mulheres Action Aid Américas: “Participei de todos os fóruns, como feminista é importante que um outro mundo seja possível, com empoderamento das mulheres e equidade de gêneros. Desde 2001, da primeira edição do FSM, está claro que a construção de alternativas só poderia ser feita com alianças através dos movimentos. O Fórum desde ano é importante especialmente pelo momento histórico na América Latina, devido a governos mais progressistas em alguns países, como Venezuela, Equador, Bolívia, Paraguai e Brasil. É importante também o encontro em Belém, devido a questões como a Amazônia, os povos indígenas e os afrodescendentes”.


Virgínia Bertino, Lya Moret e Mariana Dias, todas com 19 anos, do Rio, estudantes de Geografia, da Uerj: “Nosso objetivo aqui é trocar experiências e adquirir conhecimentos. Assistimos a palestras sobre assuntos que nos interessam, como segregação social e criminalização dos movimentos sociais. É importante trocar idéias com pessoas de todos os lugares. Já participamos de debate sobre recursos hídricos na Amazônia, protesto da população ribeirinha contra barragens no Rio Madeira e vimos uma palestra do professor Boaventura sobre a crise do neoliberalismo”.

Baianos no FSM de Belém

A jornalista Zoraide Vilasboas, do Movimento Paulo Jackson, fez uma exposição na quinta-feira, dia 29, sobre os graves problemas socioambientais causados pela exploração do urânio no município de Caetité, no sudoeste da Bahia, dentro do tema Nuclearização na América Latina – A volta de um velho fantasma?

Ela denunciou irregularidades cometidas pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB), incluindo a falta de observância das exigências do Ibama, bem como a ocorrência de acidentes, tratados sempre pela empresa como “rotinas operacionais”. A contaminação provocada pela ação da INB vem sendo objeto de denúncias do Greenpeace.

Já nosso cantor e compositor Wilson Aragão, conhecido do grande público pela parceria com Raul Seixas, no sucesso Capim Guiné, dá uma mostra de seu talento no encerramento do debate sobre a produção literária alternativa, na noite desta sexta-feira, dia 30, no campus da UFPA. A coordenação do evento é do também baiano Rui Santana (conhecido em Belém como Rui Baiano), que teve expressiva atuação na Bahia como sindicalista e produtor musical.

Outro baiano presente no Fórum Social em terras do Pará é o professor Jonicael Cedraz, velho lutador em prol do desenvolvimento das rádios e Tvs comunitárias. Ele é dirigente da Abraço-Ba (Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária) e vem trabalhando para a realização da Conferência Nacional de Comunicação.

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